Equador: Desafíos

AYALANo âmbito do V Congresso da CLOC, Enrique Ayala, reitor da Universidade Andina Simón Bolívar, analisou a situação no Equador. Começou dizendo que sua exposição seria necessariamente incompleta por causa do tempo, mas o objetivo final seria de dar elementos para a discussão e o debate do Congresso. Saudou a presença dos delegados e delegadas, dizendo: “Vocês estão aqui para organizar a luta do continente, que é uma atitude militante não apenas narrativa, esta é uma conferência de ativistas e líderes que têm que entrar em ação.”

 

 

Antecedentes da Situação EquatorianaO ponto de partida é uma crise profunda, onde os movimentos sociais equatorianos foram protagonistas na luta contra o neoliberalismo, as teses do Fundo Monetário Internacional, as proposta da ALCA e TLC. Tais projetos tiveram efeitos muito fortes, viveu-se tragédias humanas  e empobrecimento. Desde o início da década no Equador, viu-se um forte movimento popular que reivindicava a retirada do poder dos setores políticos onde tinham transitado esses mesmos projetos, com as mesmas caras.Em 2006, o Equador optou por um projeto com características revolucionárias, os equatorianos deram seu voto a uma posição progressista. Nesse primeiro momento foi apoiada principalmente por organizações como a FENOCN (Federação Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Negras do Equador). Note-se que este não foi um êxito pessoal, foi o resultado de grandes lutas dos movimentos e dos setores populares de esquerda. Este foi um triunfo do povo e dos que lutaram durante décadas contra o neoliberalismo e as políticas de direita, enfatizoun o reitor.Sem dúvida, no Equador e no continente os ventos são progressistas, a candidatura de Correa propôs uma alternativa ao neoliberalismo, também independente em relação aos Estados Unidos e a defesa da soberania nacional. Além disso, a chave foi a luta contra a corrupção, “as pessoas não nascem corruptas, o sistema corrupto os faz corruptos, a necessidade de acumular, o bem-estar, de modo que a corrupção deve ser cortada desde suas raízes, desde sua estrutura, uma vez que o sistema que a suporta, acrescentou. “

A sociedade equatoriana chegou ao maior empobrecimento, quase comparado com a crise que ocorreu na década de 70, os sinais de crise eram ultrajantes. Cerca de 2 milhões passaram da pobreza à pobreza extrema. Cerca de 20 grupos empresariais concentravam a riqueza no Equador. Quanto à terra produtiva, 80% delas estavam concentradas. “Esta terrível situação só pode ser explicada pela vontade de viver do nosso povo, porque era economicamente impossível para eles sobreviver. Mas também por outro elemento, o da reciprocidade e da solidariedade presentes no mundo andino”, completou Ayala.

Como caracterizamos o governo no seu projeto político?
Nos últimos anos, a situação social do Equador melhorou. Várias das crises mencionadas não existem, mas o preocupante é que a estrutura não foi modificada. De acordo com Ayala, “Não tem mudado a situação estrutural de polarização”. Neste contexto, é dito que este governo é um governo em disputa. A Constituição aprovada em 2008 contém os princípios mais avançados, como Sumak Kawsay que é uma rejeição direta ao capitalismo e ao abuso dos recursos.O governo atual não pode ser caracterizado de forma simples, mas é claro que este governo não é socialista nem revolucionário, foi produto dos movimentos, mas temos que considerar que não há condições para mudanças estruturais profundas. “O que podemos pensar é que o governo crie condições para um governo socialista, mas no futuro”, disse o professor.

Assim, considerando que este é um governo em disputa e com profundas contradições internas, a responsabilidade dos movimentos é colocar-se junto ao governo a pressionar, tendo uma postura crítica para que o governo possa concretizar e seguir em frente.