Nota de denúncia do assassinato de Cleijomar Vasques indígena LGBTI+ da Etnia Guarani Kaiowá

A Via Campesina Brasil manifesta sua profunda indignação e vem a público denunciar o assassinato de Cleijomar Rodrigues Vasques, jovem de 16 anos, Indígena LGBTI+ da etnia Guarani Kaiowá. Ele foi brutalmente assassinado num crime de ódio no dia 12 de Novembro de 2022, na Comunidade Indigena Limão Verde, no município de Amambai no Sul do Mato Grosso do Sul. Por ele ser assumidamente gay, seus assassinos o golpearam na cabeça e jogaram seu corpo na rodovia próximo à comunidade, buscando simular um acidente de trânsito.

O assassinato de Cleijomar, não é casual. Este ano houve, na mesma localidade, assassinatos similares de dois outros jovens indígenas:Timi Vilhalva e Gabriel Rodrigues também LGBTI+, apontando indícios de haver um grupo de pessoas perseguindo e ameaçando as LGBTI+ indígenas que residem nesta comunidade. Diante do contexto brasileiro onde só no ano passado houve, pelo menos, 316 mortes violentas de pessoas LGBTI+, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ 2022, é um desafio seguir garantindo a vida desta população em seus territórios. Afirmamos aqui que não naturalizaremos a violência. Nossos povos têm diversidade, cor, raça e etnia e tem raízes!

Cleijomar, era uma liderança jovem Guarani Kaiowá, muito presente na luta pela retomada das terras indígenas de seu povo. Com sua energia e alegria, era participativo em sua comunidade. No auge de sua juventude, gostava de jogar bola, dançar e cursava o 1º ano do Ensino Médio, tendo o português como sua matéria preferida, que cujo aprendizado vinha aprimorando para cumprir o sonho de continuar os estudos. Relatos de seus amigos e parentes comovidos pela perda, afirmam que ele só queria ser feliz do jeito que é, vivendo e lutando junto de seu povo, com a garantia do direito ao território.

Nos solidarizamos com seus pais e suas cinco irmãs, e também com o povo Guarani Kaiowá, pois além das perdas de vidas indígenas na luta pelo território, perdem mais vidas para a LGBTfobia. Nos solidarizamos com as indígenas LGBTI+ que seguem ameaçadas neste território e pedimos às autoridades e órgãos de Direitos Humanos para acompanhar o caso, garantindo justiça pelo Cleijomar Vasques, para que seus assassinos não sigam impunes. Da mesma forma, que seja garantido que as demais indígenas LGBTI+ sigam vivas, construindo as diversas possibilidades em suas vidas a partir dos seus sonhos, sua cultura e ancestralidade.


Pela Vida das Indígenas LGBTI+ Guarani Kaiowá
LGBTI+ existem e resistem no campo: Basta de Violências! Basta de LGBTIfobia!

Brasília-DF, 24 de Novembro de 2022.



VIA CAMPESINA BRASIL
APIB- Articulação dos Povos Indigenas do Brasil
CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
CPT- Comissão Pastoral da Terra
MAM – Movimento Pela Soberania Popular na Mineração
MAB – Movimento dos Antingidos Pela Barragem
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MPA- Movimento dos Peuenos Agricultores
MPP – Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais
PJR – Pastoral da Juventude Rural

Dirigente do MPA, Frei Sèrgio è amenaçado de morte por vereador no RS

Vereador de Salto do Jacuí (RS) se colocou à disposição para “fazer a cabeça” do religioso com “carga de baletão”

Matéria publicada no Brasil de Fato RS, em 11/11/22.

O religioso Frei Sérgio Antônio Görgen ofm, que atua como dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Via Campesina Brasil foi ameaçado de morte pelo vereador José Sérgio De Carvalho (Progressistas) durante Sessão da Câmara no município de Salto do Jacuí (RS), nesta segunda-feira (7).

As falas podem ser conferidas através da transmissão realizada pelo Facebook da Câmara dos Vereadores da cidade. Depois de acusar Frei Sérgio de pregar “a violência no campo”, em pelo menos três momentos o vereador ameaça a vida do religioso.

Primeiro, José Sérgio sugere que “se alguém meter uma carga de baletão na cabeça desse frei, não se surpreendam”. Após, na mesma fala, volta ao tema, se colocando  ele próprio à disposição: “se precisar de um cara para fazer a cabeça desse padre, eu estou disponível”.

Por fim, acrescenta ainda que “um cara desses não merece viver”. A transmissão da sessão pode ser conferida neste link. Os trechos citados da fala de José Sérgio podem ser conferida entre 03h44min e 03h50min.

Entenda a ameaça

O fato gerador da ameaça foi a contrariedade do vereador com um vídeo gravado por Frei Sérgio, em frente à unidade produtiva de grande porte chamada Fazenda Santa Elmira, localizada no interior de Salto do Jacuí, ainda durante o primeiro turno das eleições de 2022, quando Görgen foi candidato a Deputado Estadual.

No vídeo, Frei Sérgio recorda o fato histórico conhecido como “Massacre da Fazenda Santa Elmira”, acontecido em 1989. Naquele ano, Frei Sérgio, junto de aproximadamente 1200 de agricultores sem-terra, foram reprimidos com violência por forças policiais após ocuparem parte do território da referida propriedade, requerendo ações efetivas do governador à época (Pedro Simon) para assentar aquelas pessoas.

No vídeo gravado na frente da entrada da sede atual da fazenda, depois de relembrar os fatos de 1989, Görgen afirma acreditar que, no futuro, aquelas terras serão utilizadas para a reforma agrária. Confira o o vídeo neste link: https://www.youtube.com/watch?v=NfJDIutHLkc

Embora o vídeo tenha tido poucas visualizações no período em que foi publicado, o vereador que ameaçou o Frei afirmou que o vídeo estaria sendo amplamente divulgado na comunidade local e despertando indignação entre os representante do agronegócio.

Frei Sérgio vai responder

Contatado pela redação do Brasil de Fato RS, Görgen afirmou que vai manifestar resposta ao vereador através das redes sociais. Além disso, está consultando amigos juristas acerca da pertinência de ação na justiça.

Afirmou ainda que está sereno, que não vai se intimidar e não deixará de frequentar a cidade de Salto do Jacuí, onde, segundo ele, tem amigos, tanto no campo, quanto na zona urbana.

Sobre a afirmação do vereador de que ele estaria pregando a invasão de terras e a violência no campo, Görgen afirmou que não compactua com nenhuma forma de violência e reafirmou o seu posicionamento pessoal em acreditar que, em algum momento futuro, o território onde se deu o fato histórico conhecido como “Massacre da Fazenda Santa Elmira” ainda vai ser destinado à reforma agrária.

Frei Sérgio com o livro onde relata os fatos ocorridos no Massacre da Santa Elmira, em 1989 / Arquivo MPA

Via Campesina realiza II Seminário Diversidade Sexual e Identidade de Gênero

Entre 03 e 06/11, a Via Campesina Brasil realiza o II Seminário Diversidade Sexual e Identidade de Gênero, com o tema “LGBTI+ La Via Campesina: Colorindo territórios e semeando orgulho e resistência!”. Cerca de 70 participantes se reúnem na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), que acolhe militantes de movimentos do Brasil, mas também de mais 6 países da América Latina (México, Nicarágua, Colômbia, Peru, Paraguai e Argentina).

O objetivo principal é trazer o debate de qual a perspectiva de existência das LGBTI+ desde as lutas dos povos do campo, das florestas e das águas e seguir elaborando sobre diversidade sexual e identidade de gênero no campo, tendo como base a plataforma de luta da Via Campesina de defesa dos território, da terra, da água, da cultura, do feminismo camponês popular e da diversidade sexual. Pensando essas conexões, o intuito é fortalecer a existência das LGBTI+ desde seus territórios, conectadas à luta geral do campo.

É também uma oportunidade de troca de experiências e possibilidade de traçar ações enquanto continente, visto a participação ampla dos países latinoamericanos. É um processo de organização coletiva da Via Campesina, numa perspectiva de que a organização aponte a pauta LGBTI+ como uma das dimensões da luta camponesa. O Seminário deve aprovar um documento direcionado para a Via Campesina Internacional e à Coordenadoria Latino Americana de Organizações Camponesas (CLOC-Via).

“Afirmamos a pauta da diversidade sexual e de gênero no âmbito dessas organizações, que congregam centenas de movimentos populares de um amplo conjunto de países”, projeta Alessandro Mariano, da Direção Nacional do MST e do Coletivo LGBTI+ do Movimento. “As pessoas que vivem no campo também são diversas em etnias, raças, orientações sexuais, identidades de gênero, ou seja, há uma diversidade que a Via Campesina hoje acolhe, conectada com a diversidade de produção de alimentos saudáveis”, explica.

Nas palavras de Mariano, “estamos saindo de um ciclo, desde a eleição de Bolsonaro, em que a violência aumentou no campo mirando a população LGBTI+. Entre as dezenas de vítimas, pelo menos 6 militantes LGBTI+ camponesas foram assassinadas. Mas no campo há resistência: resistência contra o agro-hidro-mineral-negócio, mas também resistência contra a LGBTIfobia, o machismo, o patriarcado, contra todas as opressões e violências”, conclui.

A programação conta com palestras, rodas de conversa e saraus culturais e tem nomes de peso da luta LGBTI+, como a drag queen influencer Rita von Honty, a presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Transgêneros (ABGLT), Symmy Larrat, o membro da AIDS Healthcare Foundation Brasil Beto de Jesus, bem como Cony Gonzalez, da Conamuri/LVC e Gahela Tseneg, da Cari do Peru, além de várias lideranças dos movimentos populares participantes.

Participam do Seminário militantes LGBTI+ de movimentos populares como Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), entre outros.

Outras informações:
11 94196 7747
Rafael Soriano
Assessoria
MST

O povo brasileiro passa fome e o Bolsonaro nega auxílio ao Campesinato para produzir alimentos

«Una tontura da fome é pior do que a do álcool. Una tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro de la estemago». Carolina de Jesús

Nós, mulheres camponesas queremos chamar a aten-o da sociedade sobre o que estamos passando nosso país. Noo é novidade para ninguém que no Brasil há uma desigualdad enormee social e que o mínimo de demandas sociais implantadoss pelos governos progressistas levou a uma interpretación de umm discurso de ódio contra como pessoas pobres.

Se alguém ainda acreditava que o racismo, machismo e o elitismo á brasileira eram cordiais, agora no consegue mais se iludir. Una expresión tem se expressado de forma ainda mais todos los días de la acción y el ágora contaría con uma grande identificación entre essas pautas e quem no se gobernan no governo federal.


Queremos denunciar o projeto de morte que amplia a fome no Brasil, dia após dia. Antes da pandemia da COVID-19 chegar ao nosso país, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já apresentava umro de ampliación da fome no Brasil muturito. Os dados coletados em 2017 e 2018 e apresentados em 2019, revelam que havia 10,3 milhées de pessoas sem acesso regular á alimenta-o básica, 5% das famílias brasileiras em situa-o de inseguran-a alimentar grave, mais da metade dessas famílias era chefiadas por mulheres e vivem no Nordeste brasileiro.


Quando a pandemia chegou, rapidamente os partidos de esquerda se articularam com objetivo de garantir um auxílio para que as famílias pude se isolar e n’o passar fome, o governo disse que só poderia pagar R$ 200 reales, os partidos de esquerdaer propusam R$1200,00 reales, o congresso aprovou R$ 500, 00 reales e o governo pagou R$ 600,00 por tr’s ésus y logotipo red pelauiu metade. Essa a’o foi muito importante e teve um impacto muito em medioúmm medio a medio-m media com desigualdade social, mas sem incentivo a produ’o e distribui’o de alimentos, que ia faltar comida e com cons produtos da cesta brasil básicaeira iriam ficar muitos.

Quem faz da comida um negócio e n’o um modo de vida como fazem nós camponesas, iria buscar lucrar com esse cenário.


Na busca por ter alimentos para todos e todos, o campesinato brasileiro fez muitas aées de solidariedade, mas sabendo dos limites desa ao, se organizou e oss diversos sociais do campo, das florestas e das águasela um projeto de Lei que visava ante secipar o enfrenta aoisco desabamentociste. Iniciativa ágil e muito importante, porém, faz-se necessário salientar que antes das mulheres desses movimentos e os movimentos de mulheres entrarem no debate, n’oi pensado nenhuma a’o específica para como mulheres mesmondo elas como principaisuto prodras de alimentos que v’o mesa po brasil. Mas nós mulheres nos organizamos, avaliamos a proposta e a ampliamos garantindo políticas públicas especificas para mulheres e para povos e comunidades tradicionais.

Lutamos até o último momento para que a Lei deixasse estabelecido que os recursos destinados a pela mesma, deveriam produzirly alimentos saudáveis.


O Projeto de Lei (PL 735/2020), n’o ficou como nós camponeses e camponesas queríamos, mesmo assim apresentou propostas muito importantes para o enfrentamento dessa crise pelo dasní dasnís agricultura tantas políticas volt a familiar por parte do governo federal. O PL 735/2020 foi aprovado na Cámara e no Senado Federal, virou Lei Assis Carvalho, (deputado que sempre lutou pela familiar em fairí do Nordeste.) ela instituiu que aos familiares em agricultores toda suae (asentados/como indígenas; quilombolas; fundos de pasto; extrativistas, pescadores, etc.) pudessem acessar o auxílio emergencial que foi ya para quem á esta extrema fría fomento produtivo para ampliar a produ’o de alimentos e evitar o desabastecimento dos mercados locais; concesso automática do garantia-safra; Programa de Aquisi de Alimentos emergencial para levar os alimentos produzidos a quem mais precisa, apoio específico para as camponesas, prorrogao, rebates e suspensáo das dívidas e uma linhal de crédito.


Contudo, Bolsonaro VETOU praticamente todos esses dispositivos da lei, impedindo o socorro as famílias camponesas e a própria sociedade. Quando ouvimos falar que una necrópolítica era uma política que a partir do neoliberalismo colocava a vida em último plano nas demandas del Estado, no imaginávamos que chegaríamos no que o Brasil passa hoje.

– PRECISO DENUNCIAR PARA O MUNDO TODO: O governo Bolsonaro em um país com quase 200 mil mortos pela COVID-19, com uma amplia-o da viol’ncia contra as mulheres jamais vista, um quadro de desemprego e subemprego que aumenta a cada dia, e com a volta da fome, da qual ainda n’omos o tamanho, pois os órg-os de governo no apresentam dados, IMPEDE que as camponesas e sabeses possam ampliara prodúmo e contribuirm na diminui.o da fome. IMPEDE que indígenas e quilombolas sejam protegidos e tenham seus territórios conservantes.


Nós, camponesas organizadas no MMC, estamos em luta permanente pela derrubada dos vetos, pois vetar as aes que potencializam a produ’o de amplia amplia, un fome. Vimos com preocupa-o, masmente feliz no com surpresa, o Congresso passar por cima da constitui-o brasileira e votar a Lei de Diretrizes Or-amentarias (LDO) para o próximo ano, sem que os vetos do presidente sejams.

Essa manobra em si, já é um absurdo, mas quando no meio deses vetos, es decir, que ampliar podem a produ’o de alimentos em Umm que além de uma pandemia sanitária enfrenta umm mal histórico que é a FOME, o Congresso Brasileiro serna cúmplice e sócio do governonaro no Somos. Queremos conclamar toda sociedade para se somar nessa luta. Vem com a gente, pois quando alguém passa fome, todos os seus outros direitos já lhe foram negados e, pode ter, quem no passa fome também está com seus direitos amea-aados.

CongressoDerrubeVetos735

SemVetosSemFome

ProBrasilNãoPassarFome

FomeEInflaçãoTemSolução

MANIFESTO POPULAR: Contra a fome e pelo direito de se alimentar bem

Metade da humanidade não come;
e a outra metade não dorme, com medo da que não come». CASTRO, Josué de.
Geografia da fome.

A pandemia escancarou as consequências da crise do capital sobre a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Essa crise, política, econômica, social e ambiental, não é provocada por nós, mas pelas empresas do capital e por um estado empresarial, repressor. Mas somos nós que pagamos a conta e sofremos as consequências.

Somos mais de 13 milhões de desempregados e cerca de 40 milhões de pessoas que vivem do trabalho informal ou trabalho precário. O Brasil voltou para o Mapa da Fome, em decorrência de gestões que ignoram as necessidades reais do povo e para garantir os lucros exorbitantes do capital que não tem pátria e menos ainda senso de humanidade. As exportações dos produtos brasileiros nada têm a ver com a solidariedade aos povos de outros países, senão a ganância, mesmo que falte o que comer ao povo brasileiro.

Esse é o quadro que coloca os mais pobres de volta à fome e também traz problemas para os setores médios, pois o preço dos alimentos tem aumentado de forma assustadora, já que o agronegócio produz commodities, os supermercados especulam com a fome e as empresas promovem o uso de comidas artificiais que só deixam a população adoecida.

Em 2018 – dois anos pós o golpe ao governo Dilma Rousseff – o Brasil já contabilizava 10,3 milhões de brasileiros e de brasileiras em situação de pobreza ou de extrema pobreza (segundo dados do IBGE), e esta fome não esta somente na cidade. Esses números já são infinitamente maiores e imaginemos como estará o povo pobre no próximo período sujeito à alta no preço dos alimentos.

A falta de controle de estoque de alimentos regulado pelo Estado, a existência de um Plano Safra exclusivo para o agronegócio, bem como os vetos às medidas de apoio e fortalecimento da Agricultura Familiar e Camponesa, que é responsável em produzir comida de verdade, é o que tem piorado a situação de fome no Brasil

A crueldade das empresas e indústrias de alimentos está presente em todos os lugares, do campo, das águas, florestas e da cidade. Seja na introdução dos agrotóxicos dentro do modelo produtivo, seja na forma como se apresentam os alimentos ultraprocessados que não possuem capacidade de nutrir dos corpos e mentes humanos. Descarta-se o lixo das indústrias na boca de nossas crianças, e a classe trabalhadora tem sido a mais afetada nisso com menos tempo para o preparo dos alimentos nos grandes centros urbanos.

Nesse quadro, as mulheres têm sido as mais atingidas, elas são historicamente responsáveis pela alimentação das famílias e por isso têm que lidar com o combate à fome, buscando formas de colocar comida na mesa, lidando com a falta de emprego, pois foram as que mais perderam o emprego com as crises e, ainda, enfrentam uma grave ampliação da violência. A juventude, em especial a negra, segue morrendo nas periferias das cidades e sem oportunidades de produzir nos seus territórios. Os povos e comunidades tradicionais têm seus territórios atacados ainda mais, como forma do capital retomar suas taxas de lucro.

A natureza também tem sido duramente ameaçada e com ela a vida humana. Imagens de animais selvagens morrendo pelo fogo chocam o mundo inteiro, nossas florestas estão sendo destruídas com a única função de manter a acumulação capitalista materializada em sua forma atrasada no agronegócio brasileiro. A resistência é necessária e deve se dar entre todos que acreditam numa sociedade mais justa, onde todos possam comer e viver com dignidade.

Seguimos afirmando que a agricultura familiar e camponesa é o alicerce para a soberania alimentar de uma nação. Por isso lutamos no campo e na cidade pela defesa dos territórios indígenas, quilombolas, camponeses, pesqueiros, dos Fundos e Fecho de Pasto, pela construção de políticas que contemplem desde a produção ao consumo. Rechaçamos a expansão agrícola e mineral que avança sobre áreas de produção de alimentos e sobre as florestas e biomas.

PARA COMBATER A FOME NO BRASIL, NOS COMPROMETEMOS:

1. Seguir com todas as ações de solidariedade humana que têm ajudado a salvar vidas, através da partilha do pouco que temos, amenizando a situação de fome de muitas famílias, principalmente as crianças. Nossa solidariedade é de classe, ativa e orgânica para que os povos se organizem a mudar sua realidade de vida.

2. Lutar pela derrubada dos Vetos de Bolsonaro à Lei de Assis de Carvalho, proposta no PL 735/2020 –como passo fundamental para ampliar a produção de alimentos saudáveis pela Agricultura Familiar e camponesa e poder disponibilizar esse alimento para quem mais precisa, garantindo renda aos povos, especialmente as mulheres e a juventude.

3. Lutar pela retomada da construção dos estoques públicos de alimento URGENTE, para que o Estado regule preços e não deixe faltar os itens básicos para o povo do seu país a exemplo do feijão, do arroz, dentre outros. Construir um sistema de abastecimento alimentar. Sabemos que os estoques públicos que regulam os preços nas entressafras e nas situações de problemas climáticos são decisivos para manter a alimentação do povo.

4- Enfrentar este governo que tem abertamente decretado a fome para o país. FORA BOLSONARO! A liberação do Auxílio Emergencial, que até agora fez a diferença na vida das pessoas, não foi por vontade do governo federal que, na primeira oportunidade que teve, negou o apoio para os agricultores/as seguirem produzindo alimentos (veto ao PL 735). Reafirmar o direito ao pleno emprego e a uma renda digna é materializar o direito de se alimentar bem, com segurança e soberania alimentar.

5 – Lutar para que todas as políticas públicas voltadas à construção da soberania alimentar tenham a capacidade de atender as demandas diferenciadas dos povos e comunidades tradicionais, da juventude e das mulheres, como forma de garantir um desenvolvimento econômico, social e ambiental baseado na agroecologia e na igualdade de condições para todos. É necessário retomar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), fortalecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ampliar o acesso à água para abastecimento humano e para a produção de alimentos com cisternas e expandir a rede de restaurantes populares.

Nós, Movimentos Populares, Entidades e Sindicatos do campo e da cidade vamos continuar lutando e alimentando a esperança. Defendemos um Programa de Renda Básica Permanente, Programa de Produção de Alimentos Saudáveis, a derrubada dos Vetos à Lei Assis Carvalho, Programas de Compra de Alimentos com doação a quem precisa, Programa de Geração de Empregos, Abastecimento de Água e Valorização do Salário Mínimo.

Por isso, neste DIA MUNDIAL EM DEFESA DA ALIMENTAÇÃO, temos a responsabilidade de nos dirigir à sociedade brasileira para manifestar nossa grande preocupação com a fome que se agrava em nosso país.

A produção de alimentos depende da preservação ambiental e da biodiversidade dos biomas. Para manter as florestas em pé, precisamos dos povos do campo, das águas e das florestas, VIVOS e em seus TERRITÓRIOS. Não é só fogo, é capitalismo e destruição. Tirem as mãos das nossas riquezas! Soberania nacional e popular já!! Fora Imperialismo!

Alimentar a esperança para alimentar as pessoas!

Brasil, 16 de outubro de 2020.

V escuela de comunicación de la CLOC invita a “Globalizar la Solidaridad, Localizar la Agricultura»

Español

El 10 de septiembre del 2003 mientras se realizaba en la Ciudad de Cancún-México una reunión ministerial de la Organización Mundial del Comercio, el campesinado sur Lee Kyung Hae sacrificó su vida para denunciar que mata campesinos y campesinas con sus OMCs comerciales que capacidad a los grandes capitales y de la vida de los pequeños y las empresas pequeñas, por razón esta La Campesina asume esta fecha

Desde la V Escuela de Comunicación de la CLOC-VC se prepare una serie de micros radiales que sumó diversidad de voces e idiomas para homenaje a la vida de luchan por los alimentos producir alimentos de soberana, los comunes comunes y defiende al medioático al latifundio, la violencia y el agronegocio.

Ingles

On September 10th, 2003, during a World Trade Organization ministerial meeting in the city of Cancun, Mexico, South Korean farmer Lee Kyung Hae sacrificed his life, denouncing that the WTO kills farmers through its trade agreements that benefit big capital and destroy the lives of small farmers. For this reason, La Via Campesina takes on this date as the International Day Against the WTO and free trade agreements.

In the CLOC-VC’s 5th Continental School of Communication, we prepared a series of short radio messages that add to the diversity of voices and languages that pay tribute to the lives of those who struggle to grow food in a sovereign way, defend territory and common goods, and confront big landowners, violence and agribusiness daily.

Portugues

A 10 de Setembro de 2003, enquanto decorria uma reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio na cidade de Cancun, México, o camponês sul-coreano Lee Kyung Hae sacrificou a sua vida para denunciar que a OMC mata camponeses com os seus acordos comerciais que beneficiam o grande capital e destroem a vida dos pequenos agricultores. Por esta razão, a Via Campesina adoptou esta data como o Dia Internacional Contra a OMC e os ACL.

Da V Escola de Comunicação da CLOC-VC foi preparada uma série de microfones de rádio, acrescentando uma diversidade de vozes e línguas para prestar homenagem à vida daqueles que lutam para produzir alimentos de uma forma soberana, defender o território, os bens comuns e enfrentar diariamente o latifúndio, a violência e o agronegócio.

Krey-l ayisyeniC

10 septanm 2003, pandan yon reyinyon ministeryèl Òganizasyon Mondyal Komès t ap fè nan vil Cancun, Meksik, kiltivatè Kore di sid Lee Kyung Hae te sakrifye lavi li pou denonse Òganizasyon Mondyal Komès la ki te touye kiltivatè yo ak akò komès li yo ki benefisye gwo kapital ak detwi lavi ti kiltivatè ak kiltivatèz yo. Pou rezon sa a, La Via Campesina konsidere dat sa a kòm Jounen Entènasyonal kont Òganizasyon Mondyal Komès ak TLCS la.

Soti nan V lekòl kominikasyon CLOC-VC a, ki prepare yon seri emisyon radyo nan divèsifye vwa ak lang pou rann omaj ak lavi moun ki fè efò pou pwodwi manje yon fason souveren, defann teritwa a, byen komen epi afwonte chak jou gran pwopriyete yo , vyolans ak agro-endistri yo.

Frances

Le 10 septembre 2003, alors qu’une réunion ministérielle de l’Organisation mondiale du commerce se tenait dans la ville de Cancun au Mexique, le fermier sud-coréen Lee Kyung Hae a sacrifié sa vie pour dénoncer que l’OMC tue des agriculteurs avec ses accords commerciaux qui profitent aux grands capitaux et détruisent la vie des petits agriculteurs et petites agricultrices, pour cette raison, La Via Campesina considère cette date comme la Journée internationale contre l’OMC et les TLCS .

De la V École de Communication de la CLOC-VC, une série de micros radio a été préparée qui a ajouté une diversité de voix et de langues pour rendre hommage à la vie de ceux qui se battent pour produire de la nourriture de manière souveraine, défendre le territoire, les biens communs et affronter au quotidien dans les grandes propriétés, la violence et l’agro-industrie.

EM DEFESA DA AMAZÔNIA, FORTALECEMOS AGRICULTURA FAMILIAR CAMPONESA

A Amazônia, também chamada de Pan-Amazônia, é um extenso território com uma população estimada em 33.600.000 habitantes, dos quais 2 a 2,5 milhões são indígenas. Esta área composta pela bacia do Rio Amazonas e todos os seus afluentes estende-se por 9 países (Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa e o Brasil).

A região Amazônica é essencial para a distribuição das chuvas nas regiões da América do Sul e contribui para os grandes movimentos de ar ao redor do Planeta. A água e a terra desta região alimentam e sustentam a natureza, a vida e as culturas de inúmeras comunidades indígenas, camponesas, afrodescendentes, caboclas, assentadas e ribeirinhas. Atualmente é a segunda área mais vulnerável do mundo em relação às mudanças climáticas, devido a ação destruidora do Capital.  

A Amazônia hoje é de uma beleza ferida e deformada, um lugar de muita dor, exploração e violência, permanentes ameaças contra a vida: apropriação e privatização dos bens da natureza, como a própria água, concessões florestais, megaprojetos insustentáveis (hidrelétricas), exploração massiva de madeira, monoculturas, hidrovias, ferrovias, e projetos de mineração e petróleo, além da contaminação causada pela indústria extrativista. As consequências sociais são: doenças por contaminação, narcotráfico, grupos paramilitares, violência contra as mulheres, exploração sexual (inclusive infantil), tráfico humano, perda da cultura e da identidade, criminalização e assassinatos. Por trás de tudo isso estão os interesses das classes dominantes que avançam sobre esse território destruindo todos os tipos de vida.  

Essa intervenção do Capital é uma atitude voraz e predatória que espreme a realidade até o esgotamento dos recursos naturais disponíveis e tende a exercer seu domínio também sobre a economia e a política.   

Ações dos camponeses em defesa de seus territórios, abusos de mineradoras, a parcialidade e a ignorância da mídia sobre as complexidades que envolvem as disputas pela terra na região e os recursos nela existentes; as violências protagonizadas por fazendeiros, madeireiros, jagunços, pistoleiros e órgãos de segurança, a parcialidade do judiciário – célere em expedir medidas de reintegração de posse e sempre moroso em apurar chacinas e execuções de camponeses -, e afins dão forma ao cenário de exploração socioambiental, fruto do sistema capitalista, vivido pelas populações neste chão conhecido como Amazônia. 

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre conflitos no campo de 2019 registraram 1254 conflitos de terra na região Amazônica e 27 assassinatos. Além de o desmatamento atingir em abril deste ano o maior índice dos últimos dez anos, aumento de 171% em relação a abril de 2019, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento do IMAZON.  

As questões ambientais envolvem decisões políticas, o Estado omisso ou que incentiva esse modelo está indo contra a vida de milhões de pessoas e comprometendo ainda mais o futuro da própria humanidade.   

Muitas organizações sociais que atuam na região denunciam essas agressões há anos, especialmente com a intensificação da exploração predatória da região implementada junto com o Golpe Militar de 64, que tinha o discurso de “integrar para não entregar”. Muitas lideranças e comunidades inteiras foram assassinadas para garantir esse “desenvolvimento”.  Percebemos que o olhar sobre a Amazônia não mudou no presente, a integração desejada é via eixos. Comunicação, transporte e energia são as colunas fundamentais. São diversos projetos já implantados, alguns em andamento e outros ainda em desenvolvimento que geram inúmeros conflitos, pois afetam diretamente o modo de ser e de viver em sintonia com a floresta das populações amazônicas.  

Entre várias ações do governo Bolsonaro, a Medida Provisória nº 910/19 (MP 910) referente a Regularização Fundiária, que virou Projeto de Lei nº 2633, pode privatizar quase 20 milhões de hectares de terras públicas na região Amazônica, à custa de expulsar povos indígenas, quilombolas e até famílias camponesas posseiras ou assentadas de Reforma Agrária.   

O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) resiste e defende a vida e a Soberania dos Povos e seus territórios como garantia da Soberania Alimentar do país. O MPA está presente hoje em dois estados desta grande região, Pará e Rondônia, e se soma àqueles e aquelas que fazem lutas e trabalham para preservar e recuperar a vida nesta região. Defendemos o modelo de agricultura brasileiro baseado na agricultura familiar e camponesa, desta forma, temos produção de alimentos equilibrada com a natureza, desenvolvendo a transição para a Agroecologia, recuperação de nascentes e reservas, defesa de territórios, é a terra para quem trabalha nela e garante a reprodução ampliada da vida.  

Temos que ter ações significativas para reverter esta possibilidade de fim da humanidade, Leonardo Boff diz que a natureza, o planeta Terra, é um organismo vivo, que ao ter ameaçada sua existência busca se refazer, manter sua temperatura e se para isso for preciso expulsar seu “câncer”, o que a ameaça, no caso, os seres humanos podemos ser extintos e a terra se refazer.   

Cuidar do Meio ambiente, preservar os biomas, como a Amazônia é, portanto, preservar e garantir a espécie humana.