Assassinato de liderança quilombola no Pará

20 de agosto de 2013

Uma liderança dos povos quilombolas foi morta a facadas na última segunda-feira (19) no bairro da Cabanagem, em Belém. A vítima estava na capital para participar do Encontro Estadual Quilombolas.

Teodoro Lalor de Lima reivindicava direitos de povos quilombolas. Ele era presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá, no município deCachoeira do Arari, no Marajó.

Lalor foi esfaqueado por um homem próximo a casa de um familiar da vítima. De acordo com os movimentos sociais que participavam do encontro, Teodoro Lalor recebia ameaças por denunciara expropriação de áreas quilombolas.

“A gente espera que o estado brasileiro tome um posicionamento claro sobre isso. Porque a gente não pode deixar que esse companheiro que perdeu a vida, virar estatística. É mais um companheiro que luta no campo que foi assassinado e a gente sabe de várias omissões por parte do estado que vem acontecendo”, afirma Denildo Moraes, coordenador nacional de quilombo.

Durante a abertura do Encontro Estadual dos Quilombolas, foi feito um minuto de silêncio, seguido de aplausos, em homenagem a Teodoro. Os movimentos sociais pedem apuração rigorosa do crime.

Ameaça

De acordo com nota enviada pelo Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó (Codetem), Diocese de Ponta de Pedras e Instituto Peabiru, no último dia 13, durante audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado, em Cachoeira do Arari, Teodoro Lima havia denunciado a perseguição de fazendeiros da região à comunidade quilombola e afirmou que ficou preso por dois meses sem acusação formal, a mando de fazendeiros que se sentem prejudicados pela demarcação das terras quilombolas.

O líder quilombola questionou também os prejuízos sofridos pelas famílias quilombolas devido à expansão do plantio de arroz na região. Segundo o Codetem, nesta audiência o INCRA entregou à Comunidade o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), passo fundamental para o reconhecimento do território quilombola.

No Marajó, há mais de 40 comunidades e somente duas tem o RTID. A comunidade de Cachoeira do Arari se sente ameaçada pela expansão das monoculturas do arroz e a expansão do agronegócio.

O crime será investigado pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil. O corpo foi liberado pelo Instituto Médico Legal, para ser enterrado no Marajó.

Publicada en Sin categoría