Movimento LGTB contabiliza 45 assassinatos desde o golpe de Estado em Honduras

Hondurenhos organizaram a “Rota do Beijo Diverso”, no Dia Internacional contra a Homofobia

Tegucigalpa, Honduras

Centenas de militantes de organizações de diversidade sexual, marcharam até a principal catedral de Tegucigalpa, capital de Honduras, ontem, 17 de maio. Ali, em frente a igreja e sob os olhares de quem apoiava ou desaprovava a marcha, organizaram um beijaço. “Este simples ato de amor e afeto que representa um beijo se converteu, para as pessoas da diversidade sexual e de gênero, em uma causa de repúdio, humilhação e violações de direitos humanos”, explica o manifesto da Rota do Beijo Diverso, como foi chamado o evento.

De acordo com Erick Martines, do Movimento de Diversidade em Resistência, a perseguição contra pessoas homossexuais aumentou muito depois do golpe de Estado, em 2009, que depôs o então presidente Manual Zelaya. “Desde o golpe há uma onda de assassinatos de pessoas homossexuais. Hoje, no Dia Internacional Contra a Homofobia, contabilizamos, desde 28 de junho de 2009 (dia do golpe), 45 mortes por diversidade sexual. E o que exigimos é respeito e que se acabe com a impunidade”

O relatório da Anistia Internacional referente ao ano de 2010, publicado na semana passada, denuncia a impunidade contra esses crimes. “Em outubro de 2010 a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e pessoas transgênero expressou sua preocupação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos pelo fato de que seguiam recebendo ameaças e ataques. Estes ataques, raras vezes são investigados exaustivamente e segue a inquietude da falta de proteção a quem denuncia estes delitos”

Um exemplo de crime impune foi o cometido contra a travesti Deborah. Sua história é a mesma de muitos: na adolescencia se assumiu homossexual e travesti. Quando seus pais se deram conta, a expulsaram de casa. Começou a prostituir-se como única maneira de sobreviver. Numa noite, ao se negar a entrar num carro com 5 pessoas, levou quatro tiros, na frente de muitas testemunhas, colegas de trabalho. “A polícia diz que está investigando, mas é totalmente falso. Nos dizem isso para que nos acalmemos e para que não sigamos denunciando a impunidade dos crimes”, denunciou Oney Moreno, enquanto carregava uma foto de Deborah nas mãos.

 

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