Os camponeses e camponesas dos Movimento dos Pequenos Agricultores tem participado da VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) campus Praia Vermelha – RJ, entre os dias 24 de abril e 11 de maio de 2017.
Com o lema Paz, Terra e Pão: Contra a Criminalização e a Retirada de Direitos, ao longo dos 18 dias da jornada serão realizadas diversas atividades com objetivo de discutir o tema que tem marcado a histórias e as lutas no Brasil. A programação contempla debates, exposições, rodas de conversas e atividades culturais que ajudarão a entender essa discussão.
Segundo Leile Teixeira, professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, essa jornada acontece todos os anos na UFRJ, “esse ano o tema da Jornada é Pão, Terra e Paz, 100 Anos da Revolução Russa, a insígnia Pão, Terra e Paz é uma insígnia da Revolução Russa, bandeiras inclusive que as mulheres levantaram durante ao processo da Revolução, e para nós, é fundamental esse debate”.
Debater sobre o tema é de suma importância para a UFRJ. Foto: Divulgação
Para a Universidade é fundamental esse debate porque consegue-se formar pessoas que percebam o tamanho do problema que hoje existe no Brasil tanto com a questão da Reforma Agrária especificamente, quanto o que a gente tem chamado de Questão Alimentar, que são os problemas vinculados a produção e circulação de alimentos, explica a professora.
Na tarde desta quinta-feira, 27 de abril, o MPA contribuiu com a temática “A Revolução Russa, a Reforma Agrária e os Movimentos Sociais”, juntamente com o professor da Escola de Serviço Social da UFRJ (ESS/UFRJ), Mauro Iasi e JoaquinPiñero, da direção nacional do MST. Na oportunidade se fizeram presentes camponeses, sem-terras, estudantes, professores e servidores da instituição.
Um novo processo revolucionário, perpassar pela Aliança Camponesa e Operária. Foto: Divulgação
Para Beto, camponês e dirigente do MPA, destaca o tema abordado na jornada e sua importância: “participar da JURA [Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária] e debater sobre a Revolução Russa, no ano em que ela completa 100 anos, é debater a contribuição do Campesinato no processo revolucionário, como foi sua participação e entender esse processo”.
Leile fala da “importante de debater e discutir sobre a Revolução Russa, especificamente porque os problemas que estavam postos para a Classe Trabalhadora mundial em 1917 continuam postos para gente em 2017 de uma forma muito intensa. Então há para gente uma continuidade na agenda de lutas de debates que é necessário ser implementado ao longo do tempo, especialmente neste ano”. A atividade é realizada às vésperas de um Greve Geral.
“Talvez a síntese mais importante da mesa é que a Revolução Russa foi possível por uma Aliança entre Camponeses e Operários que fizeram o movimento para chegaram na Revolução. A síntese do professor Mauro é chamar atenção que havia uma aliança, com quantidade numérica grande de camponeses, mas que o protagonismo foi do Movimento Operário e os camponeses se formaram, ademais descer dentro de um processo histórico que existe avanços e retrocessos do detalhamento do processo de Revolução Russa”, aponta a professora.
Por sua vez, o dirigente camponês ainda faz uma reflexão e traz o debate da Revolução Russa para a atualidade, “atualizar a necessidade da Revolução é discutir o papel que o Campesinato ocupa na Revolução Brasileira, e aí a gente destaca quanto MPA, a centralidade no processo de produção de alimentos saudáveis e na criação de Sistemas de Abastecimento Popular”. Que ainda buscou fazer uma reflexão histórica de como o MPA incorpora esse debate da Revolução e do Campesinato, assim como, a forma como o MPA vê o Campesinato hoje na luta, e, qual seria a contribuição dos camponeses para Revolução, enfatiza Beto.
Plenária cheia e atenta ao debate. Foto: Divulgação
A discussão que é feita hoje, e é o MPA quem traz essa discussão segundo Leile, “é que de novo, para que um processo revolucionário aconteça, e a gente entende que a Revolução é a própria transformação profunda da sociedade capaz de superar o Capitalismo para uma outra forma de organização da sociedade, que nós não nos encontramos hoje, uma Sociedade Socialista caminhando para o Comunismo e que ela, passa necessariamente por uma Aliança entre o Campo e a Cidade, uma Aliança Camponesa e Operária e a bandeira que hoje é levantada, e nós estamos na Universidade incorporando essa discussão é a Aliança Campo Cidade, uma Aliança Camponesa e Operária por Soberania Alimentar entendendo como estratégico a produção e circulação de alimentos e os conhecimentos sobre essa produção de alimentos”.
É importante que destacar que, “entendemos que antes de qualquer outra energia que se movimente na sociedade, seja ela em qualquer modo de produção, a comida é fundamental para que as pessoas se movimentem, é a energia vital que alimenta as pessoas e esse é o lugar talvez, segundo Berto, do Campesinato na Revolução, produzir comida que sustente um processo revolucionário com um desejo muito forte de que conseguindo avançar por um processo revolucionário, e que os camponeses estejam o ombro a ombro, lado a lado com os operários numa transformação dessa sociedade que leve para um lugar de Justiça, de Igualdade, de necessidades humanas satisfeitas com potencialidades para humanidade se desenvolver, não só uma parcela como a gente tem visto hoje”, conclui Leile.
Um pouquinho da história da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária
Em 2013 na Escola Nacional Florestan Fernandes, quando do 2º Encontro Nacional dos Professores Universitários deliberou-se que as universidades que têm núcleos de apoio ao MST, centros de pesquisa, grupos de trabalho, ou outros instrumentos em defesa dos Movimentos Sociais do Campo, da Reforma Agrária e do Socialismo fariam ações simultâneas durante as jornadas de luta de abril, com o máximo de articulação possível entre elas.
Em 2014, formam mais de 40 Universidades e Institutos Federais realizando suas Jornadas Universitárias em defesa da Reforma Agrária. No anos seguinte, 2015, esse número aumentou para mais de 50 instituições. No ano passado, 2016, a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária ganhou mais corpo e 60 instituições distintas realizaram a jornada. Ao longo destes 4 anos foi-se contribuindo enraizamento do debate acerca da Reforma Agrária e da Luta pela Terra nas Instituições de Educação Superior.
Neste ano, 2017, a jornada está sendo realizado em um conjuntura diferente das demais, o Brasil vive um Golpe parlamentar-jurídico- midiático-empresarial. Por isso, mais do que nunca será necessário demonstrarmos grande capacidade de ação conjunta entre nossas universidades e institutos com o MST e demais movimentos sociais do campo, para manter o debate sobre a Reforma Agrária Popular e o Projeto Popular para o Brasil em evidência, afirmam os organizadores.
Como já dizia Fidel Castro: “No povo, nas massas, nos fatos, tomam corpo as ideias justas, toma forma tangível a verdade. E quando uma ideia nobre, uma aspiração legítima se faz carne no povo, nenhuma tirania sangrenta, nenhuma filosofia reacionária, nenhuma calúnia impedirão seu triunfo…”
Por Comunicação MPA com informações da IV JURA