Atingidos pela lama em 2015, família vive em casa alugada na cidade de Mariana (MG) sem espaço para cultivar animais e horta
Wilson Emiliano dos Santos, 78 anos, mais conhecido como seu Nonô, e Graciete Martins, 66 anos, foram atingidos pela lama de rejeitos da barragem da Samarco. A família morava na comunidade de Pedras, no município de Mariana (MG). Na propriedade deles havia duas casas, uma do casal e outra do filho, Vanderlei. A casa de Vanderlei foi completamente destruída pela lama. A casa dos pais teve a estrutura abalada pela passagem da lama, mas continua de pé.
Atualmente, os três moram em uma casa alugada pela Samarco, dentro do distrito de Águas Claras, também em Mariana. Morando em uma casa com pouco espaço para horta e quintal, Nonô e Graciete estão sentindo falta dos animais que possuíam e cuidavam. No terreno atingido criavam galinhas, bois, vacas e havia duas grandes lagoas, onde muitos parentes e amigos pescavam.
Com isso, as filhas do casal já tinham reivindicado da Samarco que alugasse outra casa para os pais, com uma área maior para criação de animais e plantio de horta, mas essa reivindicação ainda não foi aceita pela empresa. “No início, meu pai ia direto no terreno dele, por onde a lama passou. Cuidava dos animais e das plantas. Agora, quando ele vai, volta muito triste porque vê que tudo lá está acabando aos poucos”, diz a filha Sônia, que frequentava a casa dos pais sempre que estava de folga do trabalho em Mariana.
Além disso, na casa alugada pela Samarco, os problemas não param de aparecer. Ratos estão comendo a comida que a família deixa armazenada na dispensa; há mofo em vários locais da casa, inclusive no quarto do casal, provocando reações alérgicas na família. A casa apresenta muitas rachaduras na casa, com algumas que permitem ver o cômodo seguinte; o esgoto retorna no banheiro no momento do banho.
Na noite de 21 para 22 de fevereiro, com a chuva forte, a água invadiu a casa e fez a família relembrar os momentos de medo que viveram na passagem da lama da Samarco na sua comunidade de origem. O alagamento na casa começou por volta das duas horas da manhã na madrugada do dia 22 de fevereiro e família não dormiu à noite, pois ficaram atentos ao nível da água e aos estragos feitos por ela. Seu Nonô ficou boa parte da noite e da manhã retirando água da casa.
A empresa visitou a família na tarde desta quinta-feira (22) e se comprometeu a reunir-se com novamente nesta sexta-feira (23). Eles têm participado de reuniões de reivindicação ao direito à reassentamento rural, para que possam retomar seu modo de vida, junto com outras 50 famílias organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Depois de 8 meses de muita luta, a Samarco começa a reconhecer que esse deve ser dos atingidos, mas ainda não finalizou nenhum processo de reassentamento reivindicado.