O 1° Seminário de Comunicação: O MST na batalha das ideias’, foi realizado de 14 a 17 de fevereiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema
Da Página do MST
Quem é o comunicador popular? Qual a centeia que faz pessoas de norte a sul caminharem em direção a uma comunicação alternativa, participativa e participatória?
Essas foram algumas das perguntas que direcionaram os debates do 1° Seminário de Comunicação: O MST na Batalha das Ideias’, foi realizado de 14 a 17 de fevereiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema.
A atividade contou com a participação de comunicadores do MST de todo país, representantes de diversos setores, e parceiros do campo popular.
Fotos Fabio Virgilio
Quem faz comunicação popular, abre uma janela
A comunicação popular começa a ganhar força no Brasil em meados dos anos 1970 e 1980. Ela surge para cumprir a demanda de uma comunicação feita pelo povo e para o povo. Além disso, com a efervescência das lutas sociais em toda América Latina, esse tipo de jornalismo também ganha um caráter mobilizador e agitador. E, ao dar voz para as lutas sociais, confronta a hegemonia e a lógica de dominação da comunicação tradicional.
No caso do MST, essa comunicação – que surgiu em 1981 com o boletim Sem Terra e consolidou-se em 1984 com o jornal Sem Terra – é feita por acampados, assentados e por pessoas que carregam em si o vínculo com as lutas sociais. São pessoas que dias após dia desafiam-se a construir novos meios, formas e modalidades de narrativas.
Em um momento em que o olhar para o outro tem ficado cada vez mais escasso, a comunicação popular surge como um respiro. Um fôlego que nos mostra que o bom jornalismo pode e deve ter lado. No caso do setor de comunicação do MST, o lado dos Sem Terra, o lado dos pobres e marginalizados. O lado dos esquecidos, dos julgados e condenados pela grande mídia.
Fotos Fabio Virgilio
Formar para informar e organizar
Durante os quatro dias de seminário, foram debatidos temas relevantes para o aprimoramento dessa comunicação. A começar pela análise de conjuntura, cenário político, econômico e social, cortes de políticas públicas, pobreza e desemprego. Notícias que nenhum comunicador popular gostaria de dar. É preciso também falar sobre os avanços tecnológicos, assim foram debatidas a força das redes sociais, fake news, a que se lembrar, segurança e tecnologia da informação. Foram muitos temas, muitas colocações, perguntas, analises e inquietações. Todos, esmiuçados um a um.
A comunicação popular não é utopia, ela acontece diariamente nos acampamentos, becos, morros e vielas. É horizontal, coletiva, mas não menos analítica. Por isso, a construção de novas matizes exige estudo, aprimoramento, aperfeiçoamento, crítica e projeto.
Diante desse contexto, analisar os erros também foi pauta no seminário. É preciso, reelaboração de processos e cuidado para não cair nos erros comuns, nosso papel é disputar a narrativa da luta pela terra dentro de nossa sociedade.
Democratização da mídia
Combater o controle midiático, mais do que isso, é preciso dar voz a todas e todos que foram calados. Vivemos um momento em que o ataque à liberdade de expressão tem sido uma das primeiras ações do golpe contra a democracia.
Essa mídia que criminaliza a luta e o processo de organização dos movimentos populares brasileiros, que tem como objetivo ser um poder paralelo nas mãos dos que tanto têm.
Diante deste cenário, a luta pela democratização dos meios de comunicação e o fim do monopólio midiático se torna central, cumpre um papel estratégico contra o golpe e contra a ameaça real que hoje vive a nossa democracia. Somente com o fim do monopólio midiático e a criação de um sistema público de comunicação, que garanta a liberdade de expressão de todos os grupos populares presentes na sociedade será possível reconstruir um sistema democrático.
Fotos Fabio Virgilio
A comunicação Sem Terra mostra a cara desse país
A comunicação do MST é uma ação política, fruto tanto da organização do Movimento, serve como elemento de formação e crítica de seus militantes ao longo de nossa trajetória histórica. Ela é feita por mulheres, homens, LGBT’s. É feita por velhos e novos, brancos, negros, campesinos e periféricos. É uma comunicação plural, e forte, assim como Brasil. Um comunicação com erros e acertos, vitórias e desafios, mas com a força do povo Sem Terra.