As mulheres em luta denunciam as diversas formas de violências que as atingem, entre elas a violência doméstica, os efeitos do capital transnacional e o Golpe
Por Rafael Soriano
Da Página do MST
Março é um mês que exala a luta das mulheres. Desde o início da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, na última segunda-feira (5), já foram mobilizados cerca de 6 mil trabalhadoras nos estados de Roraima, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Goiás, Santa Catarina, Paraná e Pará. Entre as ações, na manhã desta quarta-feira (7), as mulheres ocuparam a fazenda do presidente golpista, Michel Temer, em SP.
Recentemente, a fazenda foi citada nas delações de Ricardo Saud e Joesley Batista, em âmbito do inquérito que investiga MP dos Portos. Saud e Joesley relataram conversas com o Deputado Paulinho da Força (SD), onde este afirma que a Fazenda Esmeralda é de propriedade do presidente Michel Temer.
“Esta e todas as áreas adquiridas por corrupção devem ser destinadas para Reforma Agrária. Estaremos em luta permanente até que isto se concretize”, afirma Joana Costa, do MST.
Foto Leandro Taques
Outra grande ação combatendo o capital transnacional no campo brasileiro ocorreu no extremo Sul da Bahia, na cidade de Mucuri: mais de mil trabalhadoras rurais Sem Terra ocuparam na segunda-feira a frente da fábrica da Suzano papel e celulose. Elas denunciam a crise hídrica, a pulverização aérea, os monocultivos e uso de sementes transgênicas. Somam-se a estas ações, ocupações de prédios públicos em todo país.
Em Alagoas, mais de 1000 mulheres ocuparam nesta quarta-feira a Secretaria Estadual de Agricultura, o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), demandando audiência com o Governo. Na terça-feira (6), elas já haviam ocupado a Eletrobras Distribuição Alagoas, para denunciar o processo de privatização que mira a estatal.
Em Goiás, 800 mulheres ocuparam a Assembleia Legislativa e desenvolvem que desenvolverão uma série de atividades para discutir a violência e dar visibilidade às pautas políticas importantes para o processo de retomada de direitos.
Em Santa Catarina, na manhã desta terça-feira, cerca de 180 mulheres Sem Terra ocuparam o Incra na cidade de Florianópolis e reivindicam seus direitos na luta pela terra e denuncia as privatizações e violências do capital sobre o campo.
Divulgação MST
No Paraná, cerca de 700 mulheres ocuparam, na tarde desta quarta-feira, o Incra em Curitiba, trazendo o lema “estamos todas despertas: quem não se movimenta não sente as cadeiras que a prendem”. Na terça-feira, as galerias, o plenário, e a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná foram ocupados. As 700 trabalhadoras participaram de audiência em denúncia contra violência contra as mulheres.
Em Porto Alegre, nesta quarta-feira (7), cerca de 300 mulheres ligadas ao MST, Movimento de Trabalhadoras e de Trabalhadores por Direitos (MTD), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam a Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Elas exigem o restabelecimento imediato das ações e do orçamento voltados ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Na tarde desta terça-feira, A ex-presidenta Dilma Rousseff participou da abertura da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra do RS no Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, a 40 quilômetros de Porto Alegre.
Foto Leandro Taques
No Pará, deste a terça-feira, Mulheres Sem Terra iniciaram sua Jornada de Luta com debate sobre o Feminismo Camponês Popular e análise de conjuntura, no Campus da UFPA. Nesta quarta-feira, as militantes participaram de uma Sessão Especial da Assembléia Legislativa do Estado do Pará, com o tema “Violência contra as mulheres”.
Em Roraima, o MST realiza ocupações em prédios públicos. Além de famílias organizadas no MST, há em torno de 300 famílias venezuelanas participando da ação que envolve uma Audiência Pública sobre a questão migratória que afeta o Estado.
* Editado por Maura Silva