Amostras coletadas no município de Barra Longa (MG) indicam contaminação no sangue de população atingida
A pequena Sofya tinha apenas 10 meses de vida quando a barragem da Samarco se rompeu em Mariana (MG) e atingiu Barra Longa (MG), em novembro de 2015. Desde então, Sofia vem sofrendo com alergias, manchas na pele, dificuldades respiratórias e dores nas pernas. A situação piorou a partir de julho de 2016, conforme atesta o registro de entradas e saídas em postos de saúde e hospitais, as receitas médicas e as datas de reclamação na Samarco. O principal motivo seria o fato da Prefeitura Municipal de Barra Longa, por meio de uma empreiteira contratada, ter utilizado rejeitos de minério para o calçamento de ruas, incluindo a Santa Terezinha, local onde mora Sofya e sua família.
Os sintomas de Sofya estão presentes em várias outras famílias ao longo da área atingida em Mariana e Barra Longa. O principal sintoma é alergia e coceira na pele. Ao longo da bacia do Rio Doce, as dores de barriga e a queda de cabelo são os principais sintomas.
Nesse contexto, houve um estudo em Barra Longa que comprova a contaminação por metais da população atingida. Foram realizados exames de sangue no primeiro semestre de 2017, para quantificação total de metais, em algumas pessoas da cidade. Os resultados mostram que todos os que se submeteram ao exame estão com níveis acima do considerado normal de Níquel no sangue. Alguns também apresentaram níveis elevados de Arsênio.
Sofya, que agora já tem 3 anos, também fez esses exames e o resultado mostrou baixo nível de Zinco (concentração de 1302ug/L, quando a referência é entre 3.518 a 12.294) e alta quantidade de Níquel (concentração de 12,78 ug/l, quando a referência é entre 0,12 e 2,9) em seu sangue.
Outro atingido, que preferiu não se identificar, também apresentou resultado alarmante. É a presença no sangue de maior quantidade de arsênio do que o indicado normal- 3,7 ug/L para uma referência entre 0,1 e 3,2.
De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), “a família de Sofia e muitas outras não vão aceitar mais essa violação de direitos. Saúde é um direito que a Samarco precisa garantir, tratar e indenizar. O Estado também precisa atuar para garantir esse direito”.
As famílias querem saber quem arcará com os tratamentos. Além disso, exigem informações sobre possíveis contaminações ocasiados pelos rejeitos da Samarco na água, nos alimentos, no leite e no ar e sobre os possíveis riscos de continuarem expostas à lama.
Os atingidos cobram respostas dos governos, Ministério Público e empresas responsáveis (Samarco, Vale e BHP Billiton) para resolver mais essa violação de direito provocada pelo crime do rompimento da barragem de Fundão.