Entre 03 e 06/11, a Via Campesina Brasil realiza o II Seminário Diversidade Sexual e Identidade de Gênero, com o tema “LGBTI+ La Via Campesina: Colorindo territórios e semeando orgulho e resistência!”. Cerca de 70 participantes se reúnem na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), que acolhe militantes de movimentos do Brasil, mas também de mais 6 países da América Latina (México, Nicarágua, Colômbia, Peru, Paraguai e Argentina).
O objetivo principal é trazer o debate de qual a perspectiva de existência das LGBTI+ desde as lutas dos povos do campo, das florestas e das águas e seguir elaborando sobre diversidade sexual e identidade de gênero no campo, tendo como base a plataforma de luta da Via Campesina de defesa dos território, da terra, da água, da cultura, do feminismo camponês popular e da diversidade sexual. Pensando essas conexões, o intuito é fortalecer a existência das LGBTI+ desde seus territórios, conectadas à luta geral do campo.
É também uma oportunidade de troca de experiências e possibilidade de traçar ações enquanto continente, visto a participação ampla dos países latinoamericanos. É um processo de organização coletiva da Via Campesina, numa perspectiva de que a organização aponte a pauta LGBTI+ como uma das dimensões da luta camponesa. O Seminário deve aprovar um documento direcionado para a Via Campesina Internacional e à Coordenadoria Latino Americana de Organizações Camponesas (CLOC-Via).
“Afirmamos a pauta da diversidade sexual e de gênero no âmbito dessas organizações, que congregam centenas de movimentos populares de um amplo conjunto de países”, projeta Alessandro Mariano, da Direção Nacional do MST e do Coletivo LGBTI+ do Movimento. “As pessoas que vivem no campo também são diversas em etnias, raças, orientações sexuais, identidades de gênero, ou seja, há uma diversidade que a Via Campesina hoje acolhe, conectada com a diversidade de produção de alimentos saudáveis”, explica.
Nas palavras de Mariano, “estamos saindo de um ciclo, desde a eleição de Bolsonaro, em que a violência aumentou no campo mirando a população LGBTI+. Entre as dezenas de vítimas, pelo menos 6 militantes LGBTI+ camponesas foram assassinadas. Mas no campo há resistência: resistência contra o agro-hidro-mineral-negócio, mas também resistência contra a LGBTIfobia, o machismo, o patriarcado, contra todas as opressões e violências”, conclui.
A programação conta com palestras, rodas de conversa e saraus culturais e tem nomes de peso da luta LGBTI+, como a drag queen influencer Rita von Honty, a presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Transgêneros (ABGLT), Symmy Larrat, o membro da AIDS Healthcare Foundation Brasil Beto de Jesus, bem como Cony Gonzalez, da Conamuri/LVC e Gahela Tseneg, da Cari do Peru, além de várias lideranças dos movimentos populares participantes.
Participam do Seminário militantes LGBTI+ de movimentos populares como Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), entre outros.
Outras informações:
11 94196 7747
Rafael Soriano
Assessoria
MST