16 de abril de 2015
Colectivo de Comunicación de la CLOC – Vía Campesina
O VI congresso da CLOC-VC chega a seus momentos de conclusão, os mais de mil e duzentos delegados e delegadas se preparam para seguir os caminhos de nossa grande América, revigorados e convictos da importância que a agricultura camponesa e indígena possui na construção de um continente livre e soberano. Nessa quinta (16) vésperas do dia internacional de luta pela terra, o ultimo painel do congresso traz os do socialismo e do feminismo camponês e popular para discussão, assim como reafirmou a reforma agrária como espinha dorsal dos movimentos que compõe a CLOC- VC
Uma construção baseada na diversidade
Etelvina Massílio do MST- Brasil, recorreu ao Peruano José Carlos Mariátegui, um dos precursores dos ideias socialistas na América Latina, para iniciar sua fala. «O socialismo e o feminismo que queremos e devemos construir em nossa América tem que ser construído com nossas diversidades, lutas, culturas, realidade e de nossas identidades camponesas, indígenas, afrodescendentes», afirmou Etelvina.
Um feminismo camponês e popular
A pauta da construção de um feminismo a partir das origens camponesas e populares da CLOC-VC foi afirmado como um ação central e fundamental para a luta no continente. «Temos que entender que sem o feminismo não podemos construir o socialismo, e sem o socialismo também não haverá feminismo pleno, sem um e sem outro não haverá igualdade entre os seres humanos», relatou a dirigente do MST.
A camponesa cubana da ANAP, Maria del Carmen, disse como a construção do socialismo em Cuba tem sido fundamental para a emancipação das mulheres, e da mesma forma como as mulheres vem contribuindo na construção socialista da ilha.
«Quatro meses depois de triunfar a revolução é proclamado, em 17 de maio de 59, a lei de reforma agrária, e a primeira pessoa a receber um titulo foi uma camponesa negra» relatou Maria.
O ato representou um marco na história de Cuba, e sem dúvida foi passo firme rumo a emancipação das mulheres, levando-as a participação plena em todas as instancias politicas e produtivas.
Reforma Agraria, espinha dorsal da soberania dos povos
No encerramento do 6º Congresso Continental da CLOC, organizações do campo reafirmam importância da luta pela reforma agrária e pela construção da solidariedade entre os povos.
No dia 17 de abril de 1996, o sangue de 19 pessoas foi derramado em Eldorado dos Carajás, município brasileiro do estado do Pará. Organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, os 19 militantes foram mortos quando se mobilizavam em defesa da terra.
Um deles, Oziel Alves, tinha 17 anos e tinha acabado de aprender a ler e escrever quando entrou para um acampamento sem-terra. No dia do massacre, Oziel foi detectado pela polícia como animador da marcha e foi colocado de joelhos no meio da rua com armas dos policiais apontadas para a sua cabeça.
«Até o último instante Oziel gritou: viva a reforma agrária. Oziel não se acovardou e continuou defendendo a reforma agrária até a morte. Não podemos deixar de lutar pelo sangue de Eldorado dos Carajás e todas as pessoas que morreram lutando pela reforma agrária.»
Foi com o resgate do Massacre de Eldorado dos Carajás que a integrante da Operativa da CLOC e dirigente do MST, Marina dos Santos, resumiu o espírito dos movimentos sociais para os próximos anos.
Responsável pelo encerramento do 6º Congresso Continental da CLOC – Via Campesina, Marina pontuou a reforma agrária como uma das principais bandeiras das organizações camponesas para o próximo período.
«A reforma agrária sempre foi a espinha dorsal da CLOC e da Via Campesina, e é imprescindível que continuemos dando muita força a essa luta», afirmou.
Outro ponto destacado em sua fala foi a necessidade da construção permanente da solidariedade entre os povos e nações do continente americano e de todo o mundo.
«Precisamos fortalecer o processo de internacionalismo proletário, de construir uma identidade da classe trabalhadora no continente e em todo o mundo. Retomando Che Guevara, que pode ser considerado o maior militante internacionalista que conhecemos até hoje, o sentimento de se indignar perante qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, é a qualidade mais bonita de todo militante popular», assinalou.
Na mesma linha, a coordenadora da Via Campesina Internacional, Elizabeth Mpofu, destacou o internacionalismo como tarefa central das populações camponesas.
«Temos que seguir lutando por nossos direitos, pela liberdade das nossas nações, e contra as corporações, que não podem dizer para nós qual é o tipo que comida que queremos, porque nós já sabemos. O capitalismo vai cair», assegurou.
Lutas
Além das diretrizes gerais que estarão registradas na declaração final do congresso, as organizações definiram datas de mobilizações continentais conjuntas para este ano:1º de maio (dia do trabalhador), 16 de outubro (dia da alimentação), 25 de novembro (basta de violência contra as mulheres), 3 de dezembro (dia de luta contra os agrotóxicos).
E amanhã, data que marca os 19 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, os participantes do 6º Congresso Continental da CLOC – Via Campesina, juntamente com outras organizações populares da Argentina, sairão às ruas de Buenos Aires para reafirmar o compromisso dos movimentos por uma reforma agraria popular e integral, que fortaleça a agricultura camponesa e indígena e tenha a produção de alimentos para o povo como estratégia.