Os camponeses e camponesas do MPA no município de Colorado do Oeste, Estado de Rondônia, depois de vários dias de batalha tiveram uma grade vitória, a continuidade das Escolas do/no Campo.
O município de Colorado até o fim dos anos 90 e meado da década de 2000 tinha 85 Escolas Rurais, com o processo de polarização forçado sem a aceitação dos pais e comunidade, conseguiram acabar da forma mais covarde possível com as 80 escolas, reduzindo apenas para 5 escolas.
Foto: MPA
Este processo perverso provocou vários transtornos para o Campesinato, como por exemplo, esvaziamento do campo e sofrimento dos estudantes que percorrem de longas distâncias, trechos de estradas péssimas e transportes inadequado para levar os mesmo até as escolas. Como se todos estes mal causados contra os camponeses não bastassem, a atual administração decidiu sem o conhecimento dos pais e comunidade escolar, transferir os estudantes de 6º ao 9º para o Estado por meio de um termo técnico de cooperação (Reordenamento) justificando-se em leis e decretos federais.
Conhecedores da política de extinção das escolas, que sempre começa de forma camuflada, com muitas promessa enganosas, como aconteceu no passado, dessa vez foi diferente, os pais se revoltaram, pois sabiam que isso acontecendo estes educandos seriam transferidos para cidade em um curto espaço de tempo, uma vez que no campo de Colorado não tem Escolas Estaduais somente as Municipais e construir Escolas Estaduais no campo não faz parte da política do Governo de Rondônia, uma vez que o mesmo vem implantando o ensino a distância por meio da Mediação Tecnológica.
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Diante da decisão tomada pelo prefeito junto a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), os pais começaram a se articular e correr atrás de garantir o direito de manter as Escolas no Campo, baseado na legislação da educação do campo, bem como na Leis de Diretrizes e Bases, Estatuto da Criança e do Adolescente e Constituição Federal, o processo de negociação iniciou com uma reunião com pais, secretário de educação e diretor de uma escola estadual, porém a reunião não teve êxito.
A comissão de pais divulgou o que estava acontecendo por meio de entrevistas nas rádios locais e redes sociais pedindo apoio da comunidade em geral, foram também ao Ministério Público Estadual, protocolaram documento com a assinatura dos pais, justificando exigência dos educandos do sexto e nono ano permanecessem matriculados na rede municipal, solicitando que o MP interviesse na situação. Foram também á prefeitura onde não tiveram sucesso, o prefeito, José Ribamar de Oliveira (PSB), afirmou que não mudaria o que já tinha decidido, porém a comissão convocou o prefeito para uma reunião em uma das escolas envolvidas no reordenamento.
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A reunião aconteceu na Escola Dom João VI, localizada na BR 435 linha 1 km 13 Rumo Colorado, sábado dia 28 de outubro de 2017, com inicio as 15h00min, onde compareceram aproximadamente 100 pessoas, todos com um único objetivo pressionar o prefeito para revogar o termo de cooperação entre município e Estado.
Após o prefeito ouvir os pais que falavam tudo que aconteceu no processo de extinção das 80 escolas rurais, e afirmavam não terem duvidas que esta medida fosse mais um passo para extinguir as últimas Escolas do Campo existente no município, José Ribamar, que já tinha dito que não revogaria o termo, sentindo pressionado resolve revogar e se dispôs a discutir com a comunidade melhorias que a comunidade julgar necessária nas escolas rurais, como também, assumiu o compromisso de junto com a militância e lideranças de escolas, pais e professores, reconstruir a pedagogia das cincos escolas do campo existente no município, bem como reconstruir o currículo numa perspectiva camponesa e no projeto de afirmação da identidade de quem vive no campo.
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Pais e comunidades presentes comemoram a conquista que parecia impossível, mas com muita participação, a luta foi vencida. Reconhecendo que a escola não é apenas um lugar onde seus filhos estudam, ela faz parte da história da comunidade, é o lugar onde o povo se encontra, reúnem as diversidades culturais, religiosas, politicas e sociais pra tomar as decisões importantes e especiais da vida da comunidade.