Depois de longos 4 meses com a Escola do Campo “Maria Emília Maracajá” fechada, os estudantes tendo aulas em estruturas de lona preta estendidas do lado de fora da escola, a comunidade se revezando no processo coletivo de ensino das crianças, várias audiências públicas e denúncias regadas por muita luta e resistência, na segunda-feira, 21 de abril, a Escola foi reaberta e suas atividades tomam seu curso fortalecidos pela unidade da comunidade, movimentos sociais, pais, professores e estudantes.
“Foram 4 meses de muita angústia, incertezas, medo, mas acima de tudo de muita resistência e fé”, relatam as mães e pais dos estudantes quando da reabertura da Escola do Campo na Comunidade.
A Escola do Campo Maria Emília Maracajá, está localizada no Sítio Engenho Cipó, município de Areia – PB, e conta com cerca de 50 estudantes matriculados do ensino infantil e fundamental, além de atender crianças de povos e comunidades tradicionais.
Foto: MPA
A luta foi longa e árdua a comunidade, movimento sociais, professores, pais e estudantes que tem seus filhos e filhas matriculados na escola realizaram diversas ações expondo ser contrários ao fechamento da escola, realizaram abaixo-assinado, reunião com prefeito, participaram da Audiência Pública da Ouvidoria do Ministério Público, das reuniões da Associação de Professores e do Conselho de Educação do Município, denunciaram nas rádios locais e abriram representação contra o prefeito no Ministério Público Federal, aprendizados que não serão ignorados com a reabertura da escola.
Sobre as lutas construídas e a reabertura da Escola, os pais que tem seus filhos e filhas matriculados expressam, “gostaríamos de agradecer a todos que direta ou indiretamente lutaram e nos apoiaram pela reabertura das nossas portas, que a justiça fez as leis serem cumpridas. E que hoje [21 de maio] a Escola Maria Emília está oficialmente e legalmente aberta. O segredo da Vitória é nunca desistir”.
Foto: MPA
Além da reabertura da Escola Maria Emília, as Escolas Severino Sérgio e Nossa Senhora de Fátima, nas comunidades próxima, também abrirão suas portas e retomarão as atividades escolares. lana Cecília, jovem camponesa do MPA, afirma, “o MPA está, e sempre esteve, em luta junto com as mães e pais quem tem seus filhos e filhas no Escola Maria Emília e nas outras Escolas do Campo, pois acreditamos que os camponeses e camponesas tem o direto a uma Educação do Campo, no Campo e para o Campo respeitando sua cultura local, a relação escola comunidade e os saberes tradicionais da comunidade”.
A reabertura da Escola Maria Emília causou comoção uma nas redes sociais que a escola construiu para denunciar o fechamento escola e também divulgar a luta e resistência. Como foi o caso do jovem Erifranklin Santos, que escreveu, “só a luta muda a vida! Que maravilha, tenho aprendido muito com todas e todos vocês que estavam juntos na resistência”. E da professora e vereadora, Ana Paula Gomes Pereira, que fez o seguinte relato, “a emoção tomou conta de todos. Lágrimas rolaram nos rostos das mães e professoras, a sensação era de paz. As crianças estavam alegres e felizes, foi um momento intenso e cheio de amor. A Escola Maria Emília Maracajá voltou a brilhar!”.
Foto: MPA
É importante comemorarmos essa vitória que é fruto de muitas mãos, mas não se pode esquecer que há outros passos a serem dados, “a luta agora é para manter as Escolas no Campo e com uma Educação de fato do e para o campo que ajude a criança, o jovem a manter sua identidade camponesa, nós queremos o direito de viver e estudar no campo, respeitando as leis vigentes que as garante aberta”, explica Matheus, da Coordenação Estadual do MPA.
Para saber mais como deu-se este processo de luta e resistência, é só acessar os links de algumas das matérias que produzimos até aqui: Fechar Escola no Campo é Crime: camponesas do Sítio do Engenho Cipó na Paraíba denunciam o fechamento da escola na Comunidade; Aula Pública denúncia o fechamento de Escola do Campo em Areia na Paraíba; Audiência Pública na Paraíba denúncia o fechamento das Escolas do Campo no Estado.