Continuando com a agenda da III Assembleia de Jovens da CLOC – Via Campesina, as e os jovens reunidos analisaram a importância entorno dos processos de formação e comunicação para o desenvolvimento das lutas camponesas e populares.
A formação política desde as bases é fundamental para a luta e resistência, se assinalou insistentemente durante toda a Assembleia de Jovens. As instituições religiosas, os meios de comunicação e as ideologias dos governos direitistas contribuem para que a educação formal não possua caráter formativo, que este se acentue de criticidade e que não reconheça os processos de luta social e resistência dos diversos povos da América. Como se não bastasse isso, uma porcentagem alta de crianças, meninas, jovens e adultos da América Latina se veem privados do acesso obrigatório à educação, como resultado dos processos de exclusão social e subordinação dos interesses nacionais ao estreito marco dos benefícios para o capital mundial.
Por isso, a Assembleia assinalou que, na atualidade, a educação formal não se reporta à realidade de nossos países e não responde às lutas dos povos. Neste sentido, se concluiu que é necessário fortalecer o processo de formação empreendido nos diferentes níveis regionais, nacionais e locais entre as organizações que fazem parte da CLOC, garantir sua continuidade a curto, médio e longo prazo, e reforçar a perspectiva crítica, transformadora da pedagogia empregada desde quando se colocou a necessidade de adequar mais ainda os conteúdos aos interesses políticos, ideológicos e culturais dos diferentes povos que lutam pela sua emancipação.
Na atualidade a CLOC – Via Campesina conta com três processos de escolas camponesas em nível regional e também um processo setorial, estes são:
– Escola Andina de Formação
– Escola de Formação de Mulheres do Cone Sul
– Escola de Formação Política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
– Escola Camponesa Centro América
Estes espaços permitem a educação da militância, gerando novos conhecimentos, habilidades e destrezas que aumentam a capacidade de nossos movimentos em oferecer alternativas, respostas e fortalecer as lutas que nascem das necessidades de nossa gente e especialmente dos e das jovens. A formação deve insistir no seu caráter crítico e gerar os elementos de conhecimento necessários para transformar a realidade.
No que diz respeito à comunicação, a Assembleia se centrou na importância que reveste a construção de ferramentas comunicacionais, adequadas e orientadas tanto ao processo de organização das bases, como ao processo de socialização de nossas aspirações e demandas para o conjunto da sociedade. É indispensável contar com ferramentas próprias e um processo autogestionário de comunicação, para confrontar a crescente monopolização e controle do grande capital sobre os meios de comunicação de massa.
A juventude dos diferentes países trocaram experiências e resumiram, sinteticamente, os diversos avanços em andamento, no que tange à comunicação autogestionária nas diferentes regiões que fazem parte da CLOC. As experiências têm dado conta da existência de revistas impressas, boletins eletrônicos, boletins impressos, espaços em rádios alternativas, páginas eletrônicas, entre outros meios alternativos de comunicação.
Por sua vez, a equipe de comunicação da CLOC – Via Campesina se encontra em fase de consolidação, elemento que permitiu vários avanços, como a retomada do Boletim Terra e a criação de um site próprio da CLOC – Via Campesina. Outras iniciativas fazem juz às experiências da “Minga Informativa”, que se multiplicou em algumas regiões do território latinoamericano.
A gestação e consolidação de um tecido de comunicação de alcance continental é o desafio que se traçou para o próximo período na Assembleia de Jovens, a fim de que, através da comunicação, se possa fazer frente às ofensivas ideológicas da direita através dos meios de massa.
A III Assembleia de Jovens foi fundamental para compartilhar experiências em torno da formação e processos de comunicação em cada região, país e organização que faz parte de CLOC – VC. No campo da formação, se orientou o intercâmbio, em busca de um processo contínuo, com conscientização crítica e pensado para a libertação, com a finalidade de responder às necessidades mais profundas de cada uma de nossas organizações, atravessando de maneira efetiva os níveis de luta e organização, e potencializando as possibilidades de transformação da realidade.
Do mesmo modo, a comunicação permite que estas experiências sejam conhecidas, socializadas e que contagiem umas as outras, com o fim de avançar de maneira cada vez mais firme no desafio de procurar o fortalecimento definitivo da Via Campesina.