8 de mayo de 2015
Nesta quinta feira (07), integrantes da Via Campesina Brasil protocoloram uma carta no Consulado do Equador em Brasília, destinada ao presidente Rafael Correa, cujo teor era de manifestação contra os transgênicos e junto a ela o estudo: Por que os cultivos de transgênicos são uma ameaça para os agricultores, a soberania alimentar, a saúde e a biodiversidade no planeta, entregue em março do ano passado, ao Papa Francisco.
«A carta inclui um documento elaborado por oito científicos/as de diversos países do mundo, que expõem alguns dos pontos principais que definem a realidade dos cultivos transgênicos… Temos mais documentos e evidencias científicas com dados que reforçam o que ai expressa e que podemos colocar a seu alcance se considerar pertinente», afirmam em trecho da carta protocolada.
A iniciativa se deu pelo fato do presidente Rafael Correa ter participado da Conferência «Proteger a Terra e dignificar o ser humano», organizado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU e da Academia Pontifícia das Ciências e Religiões pela Paz, em 28 de abril, no Vaticano, onde manifestou seu interesse no tema.
Também esteve presente Paulo Yoshio Kageyama, professor titular da Universidade de São Paulo, Agrônomo e Doutor em Genética, que junto a outros sete cientistas realizaram o estudo sobre os transgênicos. Kageyama salientou a importância do Equador ser um país constitucionalmente livre de transgênicos e que isso deve ser respeitado, uma vez que, a tecnologia para modificar variedades genéticas é de interesse da indústria de agrotóxicos dominadas por seis grandes transnacionais, entre elas, a Mosanto, Bayer e Singenta.
O representante do Consulado equatoriano, Luiz Alberto Quiñónez, firmou o compromisso de enviar as informações e fazer o documento chegar até o presidente Rafael Correa. Além de ressaltar a relevância da luta camponesa no continente e que esta deve ser respeitada.
Desde 2008, houve uma mudança na Constituição do Equador. Nela se declarou que país era «livre de sementes e cultivos transgênicos» (art. 401) e proibiram-se «os organismos geneticamente modificados prejudiciais à saúde humana ou que atentem contra a soberania alimentar ou os ecossistemas» (art. 15).
Durante os anos 2011-2013, um grupo de organizações realizou um monitoramento participativo para identificar a presença ou não de contaminação genética no país e divulgaram um relatório durante o Dia Mundial da Terra onde declarava o Equador como uma área livre de milho transgênico. O estudo foi realizado em 15 províncias do país com mais de 400 variedades de milho crioulo, híbrido e industrial.
Em outubro do ano passado (2014) ocorreu o Encontro Mundial de Movimentos Populares com o Papa Francisco no Vaticano – Roma. A partir daí definiu-se realizar encontros de movimentos populares em outros continente. Na América Latina acontecerá em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, no mês de julho, cujo lema será: «Terra, Trabalho e Moradia». Os movimentos sociais campesinos já se preparam para debater os impactos e ameaças dos transgênicos e agrotóxicos à vida e a biodiversidade latino-americana com o Papa.