Terra, sementes originárias, ferramentas para a agricultura, muito colorido, músicas, gritos de ordem e lágrimas em alguns rostos, marcaram a abertura da IV Assembleia de Mulheres da Coordenadoria Latinoamericana de Organizações do Campo (CLOC) – Via Campesina.
Centenas de delegadas e delegados do continente, assim como convidados especiais de todo o mundo, participaram da abertura da IV Assembleia de Mulheres da CLOC. Durante a mística desta manhã, 10 de outubro, a mãe terra foi representada pelas mulheres, sinal de fertilidade e vida, mulheres encadeadas pela injustiça, discriminação, racismo e o modelo patriarcal que vivem os países das regiões da nossa grande América Latina.
A miséria, a pobreza, a violência, a invisibilização do trabalho produtivo das mulheres, foram algumas das denúncias refletidas no meio de músicas e palavras de ordem, as e os presentes também prestaram homenagem a mulheres representativas e lutadoras das diferentes partes do continente e, com a consígnia: “Sem feminismo, não há socialismo”, foi aberta oficialmente a IV Assembleia de Mulheres da CLOC – Via Campesina.
Os rostos destas lutadoras de todas as partes do mundo foram as convidadas de honra durante esta assembleia, entre as que se encontrava Dolores, Clara, Alejandra, Gabriela, Vilma, Tania, Olga, todas elas mulheres que resistiram ao capital, aos padrões culturais impostos e às tentativas de silenciar a tão desejada libertação.
Depois da mística, deu-se início ao evento, com informações do programa de atividades para os dois dias da Assembleia. O programa contém uma série de debates sobre a participação política que tiveram as mulheres em todo o continente, além de temas como Patriarcado e Capitalismo; Economia e Mulheres; Soberania Alimentar; Direitos Humanos e Migração.
A abertura da IV Assembleia de Mulheres da CLOC foi marcada por um grande sentimento de integração latino-americana, onde, também, houve uma exposição do processo histórico de participação das mulheres, por Francisca Rodríguez, da ANAMURI, do Chile, que lembrou, ainda, que foi na Colômbia, em 1988, que as mulheres, antes da criação da CLOC, trabalharam a consígnia “Pela vida, com sóis de ternura e unidade, abramos espaços de liberdade”.
Nesta primeira iniciativa de articulação de um movimento latinoamericano, as mulheres colocaram como necessidade urgente, a geração de maiores espaços nas organizações e na tomada de decisões, para uma participação efetivamente ativa. Hoje continua a luta por reformas agrárias integrais, baseadas na igualdade entre os gêneros e na igualdade de direitos para todas as pessoas.
Esta IV Assembleia Continental continua fortalecendo a participação das mulheres e seus processos de formação e construção de autonomia, além de fortalecer e ampliar o debate político e ideológico sobre o socialismo, a partir de uma concepção anticapitalista e antipatriarcal, que tenha no pensamento feminista os principais elementos políticos que darão força e coerência aos objetivos políticos da CLOC-Via Campesina.