Depois de um intenso dia de debates, na tarde deste domingo (10) as participantes da IV assembléia latino americana de mulheres do campo se dividiram em grupos de trabalho para fazer um balanço político e organizativo de sua articulação a nível regional e também internacional.
Cada grupo, referente a uma sub-região do continente (região andina, cone sul, México, Caribe e Centro America) discutiu temas relativos à formação, organização, alianças políticas e lutas das mulheres campesinas.
Nos debates em grupo as participantes aprofundaram os temas apresentados na plenária a partir das experiências vividas no cotidiano, e compartilharam experiências de conflitos e lutas que acorrem em suas regiões. Hoje(11) pela manhã, cada grupo socializou as suas avaliações com o coletivo apresentando os principais elementos da discussão.
Em resumo, há um consenso de que, em todos os países representados, com exceção de cuba, os direitos das mulheres são gravemente desrespeitados. As mulheres têm menos acesso à saúde, à educação, à terra e também ao crédito para garantir a sua produção. Em contrapartida, o termo feminismo tem estado cada dia mais presente entre as mulheres camponesas, que por sua vez estão participando mais tanto quantitativa quanto qualitativamente dos espaços de organização e decisão tradicionalmente ocupados pelos homens.
Foram apresentadas muitas experiências de articulação e formação, como a da escola da do Cone Sul, que em 5 anos de existência já formou mais de 100 mulheres e jovens de diversos países. Ainda assim, avaliou-se que é necessário ampliar a formação das mulheres e fortalecer as experiências que já existem.
Foi apontado como problema a falta de comunicação entre algumas organizações, o que dificulta a articulação das lutas. Além disso, alguns grupos relataram a dificuldade de participação das mulheres nas organizações mistas, onde muitos companheiros, embora tenham o debate de gênero, não o colocam em prática, mantendo uma diferenciação do espaço de participação masculino e feminino.
Mesmo com todas as dificuldades, ficou demonstrado que as mulheres camponesas têm sido parte fundamental da luta feminista e da luta campesina em toda a America, reivindicando direitos econômicos, sexuais, sociais, e fazendo a luta pela terra, pela soberania alimentar, pela defesa das sementes e do meio ambiente, e fortalecendo a construção de um projeto popular para America Latina. O debate de gênero e o feminismo estão sendoincorporados pelas mulheres do campo, permitindo a ampliação das experiências de articulação e formação de mulheres em todo o continente. De acordo com a avaliação dos grupos, a realização das assembléias de mulheres da CLOC/VC tem contribuído muito para esse processo, bem como para o fortalecimento da identidade camponesa e da unidade da luta das mulheres.