Seminário mundial aponta para unidade na luta pelos povos da Amazônia

indiosO primeiro dia de Seminário ‘Território, ambiente e desenvolvimento na Amazônia: a luta contra grandes projetos hidrelétricos na bacia do Xingu’, que acontece em Altamira, foi marcado por muita indignação. Ontem, 25, foram realizadas duas mesas, uma dos povos indígenas e outra dos pescadores

Os Kaiapó demonstraram sua disposição e bravura com seus rituais de luta, com muita dança e animação. ‘A usina de Belo Monte tem muito papel e nada de resultado’, afirmaram, referindo-se à prepotência do Consórcio Norte Energia, que não escuta os clamores dos povos da Amazônia.

Os pescadores das regiões ameaçadas por Belo Monte, que somam mais de 10 mil, disseram que não vão se entregar: ‘Alguns foram enganados por advogados oportunistas, mas nós queremos estar na luta’, afirmam.

O professor Sérgio Cardoso, da Universidade Federal do Pará, salientou a importância do conhecimento dos pescadores artesanais e sua íntima relação com o rio. Disse ainda que a energia das barragens é, principalmente, para as empresas e citou como exemplo a barragem de Tucuruí, construída no Pará.

Iniciada em 1975 e concluída em 1984, Tucuruí foi construída para atender a demanda de energia da Albrás, uma empresa de Alumínio. Cardoso afirmou também que o projeto de Belo Monte é para atender demanda de energia da Vale, na região de Carajás, e da Alcoa, em Juruti, onde ela tem uma grande reserva de bauxita.

O seminário, que se iniciou ontem e vai até o dia 27, reúne em torno de 500 pessoas, é organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Comissão Pastoral da Terra (CPT) e tem o apoio de entidades como o Movimento Xingu Vivo e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O encontro tem representação expressiva dos indígenas, com mais de 15 povos e várias aldeias das regiões de Tucuruí, Santarém, Baixo Tocantins e Xingu.

Julgamento

Os debates de hoje coincidem com dois julgamentos importantes. Em Washington (EUA), o governo brasileiro foi convocado pela OEA para responder por desrespeito ao direito humano no projeto Belo Monte. Já em Brasília, o Tribunal Regional Federal de 1ª instância estará julgando a apelação do Ministério Público do Pará referente a uma das ações civis populares da oitiva dos povos indígenas, como manda a Constituição Federal.

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