Depois de uma abertura entusiasmada da III Assembleia Continental de Jovens da Coordenadoria Latinoamericana de Organizações do Campo, CLOC – Via Campesina, as e os jovens delegados iniciaram uma discussão sobre a situação atual das lutas nas diversas regiões do continente.
A partir de um detalhado e rigoroso balanço da situação que se vive hoje no continente, o grupo reunido na Assembleia assinalou ao longo do debate a necessidade de ter presente tanto a análise das mudanças que experimentou o modelo neoliberal e o domínio do grande capital, como as aprendizagens acumuladas pelas organizações ao longo de décadas de resistência contra o desdobramento do modelo e suas modalidades de saque e exploração tão características do capitalismo.
O grupo analisou, também, o contexto da crescente disputa e dos desafios frente aos projetos políticos e ideológicos das oligarquias e dos capitais transnacionais, que querem controlar massivamente a riqueza dos territórios e povos do continente. Além disso, analisaram, também, as investidas de dominação político-militar desses projetos, tais como o reativação da quarta Frota Naval, anunciada desde o ano 2008.
Já as políticas neoliberais alcançaram uma maior incidência nas políticas de desenvolvimento agrícola e rural em nossos países, impulsionando, sob o pretexto de desenvolvimento produtivo, uma estratégia de subordinação de nossa agricultura aos agronegócios. Os agronegócios foram assinalados pela CLOC – Via Campesina como uma nova modalidade de despojo às terras de camponeses e produtores em benefício de empresas sementeiras que possuem grandes extensões de monoculturas, dedicadas a satisfazer a necessidade do mercado mundial, como no caso dos agrocombustíveis.
As propostas do imperialismo para o continente prosseguem na tentativa de implementar políticas de destruição, encorajando a construção dos Tratados de Livre Comércio e Acordos de Associação Comercial, como o caso do ADA entre a América Central e a União Européia. Estas políticas atentam severamente contra os agricultores e aumentam consideravelmente os níveis de dependência alimentícia.
Neste sentido, a Assembleia dos Jovens da CLOC analisou a interrelação entre as políticas de domínio imperialista – que incluem disputas interimperialistas entre a Europa e EUA – e o golpe de Estado acontecido em Honduras no dia 28 de junho de 2009, assim como a tentativa de golpe no Equador, no dia 30 de setembro último. A isto seria preciso somar a permanente campanha de desestabilização contra os governos da Venezuela e da Bolívia. Neste momento, apesar das difíceis condições que impõem estas políticas, orientadas a arrasar as organizações populares do campo, a Assembleia sustentou que é um avanço ter conseguido sustentar governos que, apesar de suas contradições e tensões internas, representam um avanço frente às políticas militaristas e de privatizações a favor do capital trasnacional.
A América Latina vive uma onda progressista, no entanto, é necessário considerar os fatores que impedem avançar mais no que se refere às reformas estruturais que precisam nossos países, e que se foram sendo postergadas na agenda de alguns governos progressistas. Por isso, as e os jovens da CLOC – Via Campesina, em nível continental, não somente continua com sua luta, mas avança mais decididamente para a construção de uma política dos povos e para os Povos, aliada à construção de políticas públicas que levem o selo de nossa resistência política e ideológica na América Latina.
No final do primeiro dia da Assembleia, a juventude lembrou os mártires jovens que caíram na luta pela defesa de nossos direitos e em oposição à política imperial.