Na semana em que é celebrado o Dia Mundial de Luta pela Soberania Alimentar, comemorado no dia 16 de outubro, camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) em Santa Catarina (SC), realizam o “Seminário Soberania Alimentar”, com o objetivo de debater e dialogar sobre a importância do tema para o conjunto do Campesinato.
O seminário foi realizado na última quarta-feira, 19, no Salão Comunitário da Linha São José, município de Anchieta. Na oportunidade se fizeram presentes mais de 70 pessoas de todo o município.
A programação do evento contou com uma mística de abertura, que buscou fazer uma reflexão sobre a alimentação saudável e sua importância na construção da Soberania Alimentar. Em seguida o Engenheiro Agrônomo da Epagri, Ivan Canci conduziu o debate sobre “Comida de verdade, no campo e na cidade”, com a contribuição e depoimentos das camponesas Mirian Dalla Vequia e Zenaide, camponesas do movimento de mulheres, sobre o trabalho com as sementes crioulas, plantas medicinais e o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC).
Na avaliação do participantes o momento foi importante. Foto: MPA
Como todo seminário foi planejado e construído pensando no âmbito da Soberania Alimentar, o almoço não poderia ficar de fora, foi realizado de forma coletiva.
Pela parte da tarde, foi realizado trabalho em grupo buscando fazer um mapeamento e resgate das sementes produzidas, para abastecer a Casa das Sementes Crioulas que o SINTRAF de Anchieta mantem juntamente com o MPA.
Um dos pontos fortes do Seminário com certeza foi o lançamento do livro “Diversidade Produtiva das Mulheres do MPA”, realizado pela camponesa e coordenadora do MPA no estado, Juliana Draszewski.
O livro nasce da necessidade de organizar e visibilizar o trabalho das mulheres do MPA e ela explica como se deu a construção do livro, das diversas mãos que o escreveram. Juliana também aproveitou para ler uma das poesias registradas no material, intitulada “Mulheres Camponesas do MPA”, escrito por uma companheira do Estado, a camponesa e dirigente do movimento, Neide Furlan.
As crianças também se fizeram presentes. Foto: MPA
Ainda durante o lançamento do livro, a camponesa Maria Orlandini, uma das entrevistadas para elaboração do livro, deu seu depoimento de como é fazer parte desse marco na história do MPA, mas principalmente das mulheres camponesas do movimento, assim como, a importância de resgatar o trabalho e mantê-lo. Na apresentação, Juliana traz algumas frases do livro onde as camponesas Nazibe e Inês Carpegiani contribuíram, foi um momento emocionante de receber o trabalho a qual contribuíram em suas mãos, relata a coordenadora do movimento.
Antes mesmo de encerar as atividades do Seminário, foi realizado um Chá “Comida do Bem” com a troca de sabores, sementes, experiências e saberes. “A ideia era cada um que pudesse trazer um alimento que produz para partilhar, tínhamos frutas, panificados, fizemos trocas de mudas, sementes, a venda de artesanatos, medicamentos a partir das plantas, assim como, inseticidas e repelentes tudo natural”, destaca Juliana
Sobre a experiência, “foi bastante desafiador para mim”, afirma ela. Que também tem realizado dois seminários um pouco menores que este, porém não de menor importância, sobre produção de peixes e um horto medicinal que fica localizado na Unidade de Beneficiamento de Pescado da Cooperativa Oestebio, que pertence ao MPA.
O Seminário foi organizado pelo MPA/OESTEBIO com o apoio do MMC, SINTRAF, EPAGRI do município. Integrando assim, as atividades realizadas durante Semana Nacional de Lutas por Soberania Alimentar.