Neste Abril de 2018, segundo mês do outono, entre os dias 23 e 25 realizamos o Seminário das Mulheres da Via Campesina Brasil.
Nesse momento outonal de renovação de forças nos reunimos na diversidade de mulheres que compõe a Via Campesina, que somos mulheres quilombolas, indígenas, camponesas, sem terras, pescadoras e jovens para compartilhar nossas realidades e nossas memórias individuais e coletivas para renovar também a certeza da unidade em nossa luta antipatriarcal, antimperialista, antineoliberal e anticapitalista. Bem como alimentamos e fortalecer nossa unidade de classe construída nos espaços de mulheres em que identificamos sofrer uma violência estrutural do sistema capitalista, patriarcal e racista, que enfrentamos em nossas ações concretas de luta pelo acesso soberano a terra, as águas, na defesa pela vida digna em nossos territórios, na luta pela igualdade de direitos e pela reconstrução democrática de nosso país presente nas lutas concretas do povo trabalhador.
Frente aos nossos inimigos comuns nos levantamos e declaramos seguir conscientes da potência de nossa mística, nossa solidariedade, de nossa memória, da memória das que vieram antes de nós, de nossas avós e anciãs, das dirigentes que nos antecederam, de nossa luta revolucionária, mas principalmente para enfrentar nossos inimigos reafirmamos a necessidade de seguir fortalecendo a organização e a luta cotidiana das mulheres trabalhadoras. Nossa partilha definiu o compromisso que teremos em seguir construindo nossos processos de formação e emancipação das mulheres, dentre eles, de seguir fortalecendo e enraizando em caráter permanente a nossa “Campanha de Basta de Violência contra Mulher” dentro de nossas organizações e da Via Campesina Brasil, pois a luta pelo fim da violência contra as mulheres é uma luta de todas e todos, de todos os dias e em todos os espaços em que atuamos.
E frente ao processo de golpe e perseguição política que se agrava em nosso país devido ao cerco das forças conservadoras, de transnacionais, de setores ruralistas, do agro-hidro-minero-negócio firmamos também o compromisso em fortalecer a luta na construção do “Congresso do Povo”, instrumento criado enquanto fruto da construção histórica de união da classe trabalhadora brasileira para discutir o projeto de país que queremos construir.
De toda emoção que nos envolve nesse partilhar saímos com a clareza de que a nossa luta feminista se dá na prática e no cotidiano, em um processo de enfrentamento na ação real e concreta; por isso debatemos um feminismo que expresse nossa luta pela transformação da sociedade, pela mudança estrutural e que tenha em vista nossa condição de classe, um Feminismo Camponês e Popular. Reconhecendo que somos mulheres diversas mas que nos unimos na luta pela emancipação das mulheres e da classe trabalhadora, construindo um projeto de transformação social comum” – enfim, nossa luta feminista é nossa estratégia politica pra alcançar a sociedade socialista que carregamos em nossos punhos e em nossos corações.
“Mulheres em luta e resistência: contra a violência do capital, pela democracia e soberania nacional”
Sem Feminismo Nao ha Socialismo!!!
Via Campesina, Brasil – abril de 2018