Em Belo Horizonte (MG), 600 pessoas estão reunidas em frente ao Banco de Desenvolvimento de Minas para reivindicar o reconhecimento dos atingidos do Espírito Santo e Minas Gerais
Cerca de 600 atingidos da Bacia do Rio Doce estão reunidos nesta quinta-feira (30) em frente à sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). No local, acontece a reunião do Comitê Interfederativo (CIF), órgão que tem a função de fiscalizar e validar as ações de reparação dos danos sociais e ambientais em função do rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP Billiton.
Os atingidos, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), questionam os Governos de Minas Gerais, Espírito Santo e União uma postura em defesa dos atingidos. Um exemplo foi a aprovação de um acordo firmado pelo Estado e mineradoras para reparação dos danos, sem a participação dos principais atores do processo: os atingidos.
“Até agora nossos representantes só foram pautados pelas demandas das mineradoras. Ou seja, o órgão que deveria fiscalizar e o causador da tragédia ditam as regras do jogo. É lamentável vermos os governos ao lado das empresas. Exigimos que os criminosos fiquem longe das vítimas”, afirma Regiane Lordes, militante do MAB na Bacia do Rio Doce.
Na Bacia do Rio Doce o MAB exige que o Ministério Público Federal garanta o envolvimento dos atingidos em qualquer definição de suas vidas. No último período o MPF firmou um acordo preliminar com a Samarco, Vale e BHP Billinton, responsáveis pelo rompimento da Barragem de Fundão. Este outro acordo também não garante a participação dos atingidos.
Para o MAB, a função do Ministério Público é defender a população e não articular acordos sem um fundamento plausível para o povo.
Espírito Santo
Os atingidos pela barragem de Fundão no Espírito Santo também estão presentes para exigir do CIF que centenas de pescadores e comunidades sejam reconhecidas. Ainda existem atingidos que não receberam os direitos emergências e passam por dificuldades básicas para a sobrevivência no estado.
No Espírito Santo a lama chegou no litoral norte e sul da Foz do Rio Doce e atingiu mais de 10 comunidades que ainda não foram reconhecidas – Segredo, Pontal Barra Seca, Urussuquara, Campo Grande, Barra Nova norte e sul, Vila dos Riachos, Barra do Riacho, Barra do Say e o território se Aracruz.
“Estamos em Belo Horizonte para exigir da CIF o reconhecimento dos atingidos das comunidades do litoral do Espírito Santo. Sabemos do poder de decisão do Comitê. Temos centenas de pescadores sobrevivendo com ajuda de familiares. Isso não é segredo, basta ir a alguma comunidade e ver a situação dos caiçaras,” ressalta militante do MAB na região.