Autor: clocvc
Brasil: Feminismo, Agroecologia E A Luta Das Mulheres Norteiam Os Debates Do 2º Dia O X Congresso De Agroecologia
Com o tema Sem Feminismo não há Agroecologia, o segundo dia de atividades do X Congresso Brasileiro de Agroecologia, foi marcado pelo debate feminista, as mulheres e a Agroecologia. Essa mesa foi inteiramente composta por mulheres, contemplando o Feminismo, a Agroecologia e sua diversidade. Além da contribuição de Emma Siliprandi do GT Mujeres, Agroecologia y Economia Solidária de CLACSO (Espanha), somaram-se à mesa de debates, Rosângela Piovizani do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Elisabeth Cardoso do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata Mineira (CTA-ZM), Larissa Henrique Nunes da Rede do Grupos de Agroecologia (REGA), Sylvia Papuccio de Vidal da AMA-AWA, Maria do Socorro presentando as Quebradeiras de coco Babaçu, Maria José Morais Costa da Secretaria de Mulheres da Contag, Sarah Luiza da Marcha Mundial de Mulheres.
Emma deu destaque a história da Agroecologia e a fundamental contribuição das mulheres, “afinal não estamos aqui só de passeio, essa diversidade de olhares só pode nos enriquecer”. Ela ainda apontou como as mulheres eram e por vezes ainda são, desconsideradas nas políticas públicas, e nas poucas que acessavam só apareciam no papel de mãe ou esposa. “A ideia de que as mulheres não tem o que dizer e o que fazer, me assusta, pois sem Feminismo não há Agroecologia”, revela Emma.
Em sua apresentação, Rosangela Piovizani falou do atual momento de crise, ressaltando alguns avanços que tivemos ao longo deste último período, porém lembra que os desafios impostos são enormes e exige de cada uma muita unidade na luta, pois sabemos lutar pelos nossos direitos e precisamos estar articuladas.
Para o MMC e demais movimentos que compões a Via Campesina, a Agroecologia faz parte de um Projeto e que não é possível qualquer tipo de conciliação com o Agronegócio ou com a violência doméstica e de qualquer outra natureza, não é possível admitir os transgênicos, nem o veneno. Desta forma, a Agroecologia está para além das experiências e sempre fez parte da vida das camponesas e camponeses, sendo assim um princípio de vida. “Sempre foi e sempre serão as mulheres a levantar esta bandeira, pois naturalmente, historicamente as coube o papel de defesa da biodiversidade, das águas e das matas”, destacou Rosangela. Que ainda aponta:

Peça de teatro realizada durante a abertura da mesa de debates. Foto: Adilvane Spezia – Campo Unitário
“Pensando na Agroecologia como projeto, há um grande desafio que temos pela frente e que para vencermos esse período em que passamos, é preciso sair das pequenas experiências de Agroecologia e passarmos a dialogar com a sociedade sobre o papel político e de enfrentamento ao Capital, que de fato, a Agroecologia se propõe a discutir. A sociedade precisa entender que o avanço do Agronegócio com os transgênicos e avanço nos território, é uma violência principalmente sobre as mulheres. Precisamos a partir das mulheres, provocar uma verdadeira Revolução neste país, sair dos debates e ir às ruas para ocupar”.
Silvia por sua vez argumenta que o Feminismo que se adapta muito bem a Agroecologia é o Ecofeminismo. “A Agroecologia precisa entender que trabalhar com as mulheres é diferente de trabalhar para as mulheres. É preciso atentar-se para esse Feminismo que reclama à Agroecologia na América Latina”, aponta ela.
Segundo Sarah Luiza da Marcha Mundial das Mulheres, “o Feminismo, a Agroecologia que queremos e estamos construindo, faz parte de um projeto político de sociedade”. Por sua vez, Larissa questiona: “Como pensar a Agroecologia sem as mulheres? Quem são essas mulheres que fazem Agroecologia, onde elas estão?”. Quase que na sequência, Mazé da Contag e a Maria do Socorro, quebradeira de coco babaçu, respondem a estes questionamentos.
Mazé destacou o ponto de onde cada mulher tem falado e construído a Agroecologia e o Feminismo, “a Agroecologia e o Feminismo estão em mesmo nível das demais relações entre os seres, mesmo que, por vezes, as mulheres ainda sejam invisibilizadas, assim como, seu trabalho, sua construção histórica de lutas”.
Maria do Socorro, orgulhosa de suas lutas e de suas origens, diz: “nós precisamos do Feminismo e da Agroecologia para manter a vida, as plantas e a nossa biodiversidade. Como mulheres somos a metade da população e mãe da outra metade, então, queiram ou não, a Agroecologia sempre existiu e sempre irá existir no campo, nas águas e nas florestas”.
Esta manhã de atividades também foi marcada e revela que a luta feminista é travada todos os dias e em todos os lugares. No congresso que está sendo realizado em Brasília de 12 a 15 deste mês, setembro, as mulheres também deixaram seu recado quanto à importância da representação das mulheres nas mesas e a participação de todas as discussões. Desta forma, logo durante a manhã, após a mística de abertura, por ocasião de ter ocorrido duas atividades ao mesmo tempo, em espaços diferentes, e em um destes espaços, a mesa ter sido compostas somente por homens, as mulheres realizaram uma intervenção no início do painel que tratava da Memória da Agroecologia.
Segundo Adriana Dantas do MMC, “mulheres representando os diversos movimentos sociais presentes no Congresso entraram com faixas com nomes de várias estudiosas e lutadoras da Agroecologia e que estão vivas, demonstrando que as mesmas teriam a mesma capacidade e até mesmo mais propriedade de realizar este resgate, visto que historicamente, a Agroecologia vem sendo perpetuada pelo envolvimento e luta das mulheres. O ato foi necessário e acolhido pelos participantes em plenária”, explica ela.
As mulheres precisam ousar mais e dizer um basta a todas estas violências, pois o Feminismo e a Agroecologia que as mulheres camponesas acreditam, o Feminismo Camponês e Popular tem que ser Antipatriarcal, Anticapitalista, aliado a luta da Classe Trabalhadora em geral, inclusive dos companheiros, pois só assim, se conseguirá avançar em uma sociedade mais justa e igualitária entre todos e todas.
Brasil: Mulheres camponesas participam do X Congresso Brasileiro de Agroecologia
O primeiro dia do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro de Agroecologia e do V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno, iniciados no dia 12 de setembro, foram marcados pela lindeza de ocupação dos movimentos sociais com a mística de abertura e durante todo o dia, com falas que ressaltaram a dissociação da Luta Agroecológica da Luta Feminista. Sem Feminismo, não há Agroecologia!
Ainda durante a manhã, aconteceu a mesa e conferência de Abertura, tendo como destaque a grande representatividade do saber agroecológico quanto ciência e conhecimento empírico traduzidos nos envios de mais de 2.500 trabalhos, mais de 60 filmes com experiências agroecológicas e mais de 80 barracas na feira demonstrando a força e o avanço da Agroecologia.
Na parte da tarde houve diversas atividades paralelas e o MMC, representado por Michela Calaça, esteve colaborando no debate da Mesa Redonda: Feminismo e Agroecologia Mulheres em luta contra a Violência sexista o capitalismo e o Patriarcado. No inicio da sua fala, Michela trouxe alguns números da violência contra a mulher, dizendo que, a cada hora, 503 mulheres são agredidas e que por dia são assassinadas 13 mulheres em média. Diante dos números, o debate sobre a violência é mais que necessário e lembra, ainda, que as violências ocorridas contra as mulheres no campo não chega nem a entrar nessa estatística. Ressalta que a violência contra a mulher não é um dado isolado, ela é sistêmica e funcional, pois só funciona a partir da exploração dos trabalhadores e duas vezes mais sobre a exploração do trabalho da mulher.


Entender o sistema em que se vive é extremamente importante para o combate à violência contra a mulher, seja física, psicológica ou moral, pois a desvalorização do trabalho da mulher também é uma violência, assim como o avanço do agronegócio e mineração nos territórios, ressalta Michela.
Desta forma, a construção da Agroecologia é uma das formas de enfrentamento ao Capitalismo e, para isso, o Movimento de Mulheres Camponesas acredita que os pilares fundamentais nesta construção estão na auto-organização das mulheres e na Campanha permanente de Basta de violência contra a mulher. Sem Feminismo não há Agroecologia, na prática!
O congresso estará ocorrendo até o dia 15 em Brasília e tem como tema: “Agroecologia na transformação dos sistemas Agroalimentares na América Latina, Memória, Saberes e Caminho para o Bem viver”.
SEM FEMINISMO, NÃO HÁ AGROECOLOGIA
Guatemala: 29 años de lucha y resistencia de CONAVIGUA
La Coordinadora Nacional de Viudas de Guatemala CONAVIGUA integrada por mujeres sobrevivientes del genocidio, a la opinión pública nacional e internacional EXPRESAMOS
Brasil: No Rio de Janeiro, encontro reunirá 4 mil atingidos por barragens
Encontro organizado pelo MAB pretende debater situação das populações atingidas por barragens e desafios na área da energia

Foto: Joka Madruga
Durante os dias 1 a 5 de outubro, o Rio de Janeiro (RJ) receberá o 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Com o lema “Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular”, reunirá cerca de 4 mil pessoas de todas as regiões do Brasil.
Realizado a cada quatro anos, o evento tem como objetivo avaliar a atuação do movimento, debater a conjuntura política atual e traçar os rumos da organização. Desde sua última edição, que ocorreu em 2013 em Cotia (SP), diversos acontecimentos afetaram as populações atingidas.
O caso mais significativo foi o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em Bento Rodrigues (MG), ocorrido em novembro de 2015. “O crime da Samarco foi responsável pela morte de 19 pessoas e até hoje continua impune. Esse não é um caso isolado. Observamos nos últimos anos uma ofensiva do capital em relação à vida dos atingidos”, opina Gilberto Cervinski, da coordenação do MAB.
Para ele, os retrocessos não se restringem às populações impactadas por barragens. O atual momento político brasileiro e latino-americano é grave e necessita de fortalecimento da esquerda. “O campo popular e a democracia sofreram um duro golpe. Vivemos grandes retrocessos que só serão enfrentados com muita unidade”, afirma Cervinski.
Dia 3 de outubro: Ato em defesa da soberania nacional
Nesse cenário de perda de direitos e retomada de políticas neoliberais, a disputa no setor de energia elétrica se acirra. Essa é a opinião da Plataforma Operária e Camponesa da Energia, organização criada em 2010 por trabalhadores do setor da energia (petroleiros, eletricitários e engenheiros) e por atingidos por barragens.
No dia 3 de outubro, dia do aniversário de 64 anos da Petrobras, essa articulação pretende realizar um grande ato unificado em defesa das estatais e contra a privatização do pré-sal e do setor elétrico. O ato acontecerá no Rio de Janeiro e já recebeu apoio da Frente Brasil Popular.
O que é o MAB?
Criado há 26 anos, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) busca organizar as populações impactadas pela construção de barragens (hidrelétrica, rejeito de minério e transporte de água) para garantir seus direitos.
De acordo com Alexânia Rossato, da coordenação do movimento, os efeitos das barragens vão além do fator econômico. “Ao longo desses anos detectamos uma espécie de indústria de violação de direitos. E os impactos não se limitam à perda da casa ou da terra, mas também a perdas sociais e culturais. As violações vão desde o direito de dizer ‘não’ à barragem, até o aumento da violência contra a mulher”, explica Rossato.
Brasil: Pela Vida Na Terra, Agroecologia: Abertura Do X Congresso De Agroecologia É Marcado Pelo Fora Temer
Em meio aos milhares Fora Temer vindo das plenária, a abertura do X Congresso de Agroecologia iniciou com uma mística repleta de emoção envolvendo os participantes, entorno de 4 mil pessoas vindas de todos os rincões do Brasil e também, delegações internacionais. Durante a mística de aberta os Movimento Sociais ocuparam o palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília e afirmam que a Agroecologia tem um lado, tem sujeito e ela é fundamental para a sobrevivência da vida na Terra.

Foto: Adilvane Spezia/Campo Unitário
“A caminha até aqui foi longa, mas não foi de quilômetros, foi longa porque é uma caminhada de gerações. Nós não estamos aqui somente por nós, mas porquê acreditamos que as gerações que ainda virão, e virão, tem o direito de viver com qualidade, dignidade e soberania. A agroecologia tem a função revolucionária de cuidar do nosso planeta que está enfermo, doente, mas que ainda existe possibilidade e ainda existe a necessidade dele se curar e continuar a viver e produzir. Estamos aqui, porquê a Agroecologia tem sujeito, tem gente, porquê a Agroecologia tem lado, porquê a Agroecologia tem cheiro, a cor e o sabor da Terra, porquê a Agroecologia tem o cheiro, a cor e o suor do trabalhador e da trabalhadora. Estamos aqui, porquê pela vida na Terra necessitamos de Agroecologia”, explica Bruno Pilon da Via Campesina/MPA durante a mística de abertura do evento, enquanto dos Movimentos Sociais e organizações do Campo Unitário ocupavam o palco do evento.
Mariane Carvalho Vidal, pesquisadora da Embrapa falou em nome da Comissão Organizadora do Congresso, “aquele setembro de 2017 chegou, aquela semana do Cerrado, ela chegou!”. Segundo ela “a Agroecologia, ela é poema. É poema porquê ela fala de amor, por que ela fala de entrega. Muitos falam que Agroecologia, aqueles da Agroecologia, são apaixonados e poucos científicos militam mais do que fazem e provam. Somos assim, apaixonados pelo que fazemos”.

Foto: Patrícia Costa/Campo Unitário
O X Congresso de Agroecologia recebeu mais de 2500 trabalhos para serem apresentados, o que mostra que a Agroecologia é real, gera frutos, resultados, revela experiências. Recebeu mais de 160 filmes que retratam as histórias de superação e Agroecologia, não só do Brasil mas também do mundo todo, revelando o que a Agroecologia faz e transforma por esses países à fora. Também, são mais de 80 experiências de todos os Biomas brasileiros representados nas Bancas da Feira Agroecológica e da Solidariedade. “Visitem, apreciem, cheiram, comam, vivam, celebrem os resultados da Agroecologia”, sugere Mariane.
Clara Nicholls, da Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA) destaca que o propósito comum deste X Congresso de Agroecologia: “fortalecer a Agroecologia e o Bem Viver na América Latina”. Ela aponta ainda que é urgente a necessidade de uma transformação do Sistema Agroalimentar dominante, para fortalecer o bem estar dos sistemas econômicos, sociais, tecnológicos e culturais da imensa maioria que promove a agricultura campesina, é preciso desmontar a Agricultura Industrial e o poder político das multinacionais que muitas vezes atuam em conivência com nossos governos”, denuncia Nicholls.
Ela ainda destaca a resistência dos movimentos sociais camponeses e indígenas, o papel da mulher na Agroecologia, bem como, a Agricultora Campesina e Indígena na produção de alimentos agroecológicos e na conservação ambiental e cultural por um “bem viver”. “Não há dúvida que, como uma Ciência, a Agroecologia expande seus resultados com interessantes processos de inovação cognitiva, tecnológica e sociopolítica”, afirma Clara.

Foto: Adilvane Spezia/Campo Unitário
A representante da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Irene Maria Cardoso, afirma que “no Brasil entendemos que a Agroecologia como Ciência, Movimento e Prática, e, são os movimentos sociais os motores para a transformação dos Sistemas Agroalimentares e esses sistemas serão transformados com nosso saberes, com a nossas memórias, e precisamos dessa transformação para que consigamos chegar ao bem viver, não só na América Latina mas em todos os cantos desse planeta”. Apesar do Congresso ser protagonizado pelas organizações que compõe o CBA 2017, Irene afirma que a partir desse momento, este evento é de todos os participantes e ele precisa ser desfrutado.
Por sua vez, Nívia Regina, representante da Via Campesina e Campo Unitário, destaca o sentimento de resistência e luta pelos povos do campo, das floretas e das águas que tem sofrido violações dos direitos. “Esperamos, quanto movimentos do Campo Unitário que esse Congresso de Agroecologia possa simbolizar que a Agroecologia é algo de prática social, de ciência, de luta e resistência para uma outra sociedade, trazendo para cá o sentimento de todos os povos que estão na construção prática da Agroecologia no dia a dia”.
Nívia reforça a importância do sujeito político da Agroecologia, do sujeito político que é a Agricultura Familiar Camponesa, um sujeito político que tem trazido o conhecimento como resultado da prática social cotidiana, é um processo na qual trazemos nessa atualidade que a questão ambiental, a questão ecológica ela traz condições da existência desse seres camponeses e comunidades tradicionais. “A questão ecológica na atualidade determina a continuidade ou a interrupção das condições da reprodução da social da existência da Classe Trabalhadora e de todo Campesinato, nós entendemos que a Agroecologia cumpre um papel estrutural, ela cumpre um papel estratégico na luta, pois contribui na permanência dos povo camponeses, indígenas e quilombolas no processo de reprodução social da vida humana, e por isso que nós do Campo Unitário compreendemos a importância da nossa unidade camponesa nesse momento histórico, porque nós compreendemos que a Agroecologia é em defesa da vida, da produção de alimentos saudáveis, mas também, é um processo de elevação de consciência de toda a sociedade, uma consciência política que faz uma contribuição nesse momento histórico da Aliança dos povos do campo e da cidade”.

Nívia do Campo Unitário. Foto: Patrícia Costa/Campo Unitário
Considerado o maior evento de Agroecologia em número de participantes e trabalhos técnico-científicos, o Congresso reúne os setores da sociedade brasileira e da América Latina que atuam e desenvolvem a Agroecologia como pesquisadores acadêmicos e populares; extensionistas; gestores de políticas públicas das três esferas; agricultores familiares, camponeses, povos e comunidades tradicionais; Movimentos Sociais, ONGs, Redes e Fóruns de Agroecologia, entre outros. Promove uma ampla discussão, com troca de experiências, saberes e sabores, apresentação de trabalhos científicos e encaminhamentos que contribuem para o direcionamento estratégico destes setores.
O Congresso de Agroecologia 2017 é a realização simultânea do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno. Os eventos são promovidos pela Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e organizados em Brasília por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, Emater-DF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), IBRAM e ISPN. Conta com o apoio de vários ministérios, organizações e movimentos sociais. O evento é patrocinado por BNDES, Itaipu Binacional e Fundação Banco do Brasil. Acompanhe as novidades www.agroecologia2017.com e nos perfis do facebook e instagram.
Brasil: Las violaciones de los derechos de las mujeres afectadas por represas y la lucha por la vida
Hace más de 26 años que las poblaciones afectadas por represas em Brasil vienen organizándose como entidad nacional en el Movimiento de los Afectados por Represas – MAB, en virtud de las contradicciones del modelo implementado en la generación de energía eléctrica, que historicamente ha negado los derechos a los y las afectados y afectadas.
Al profundizar el análisis, comprendemos que el actual modelo busca incesantemente apropiarse de las riquezas del pueblo brasileño (agua, energía, petróleo), en una alianza entre capital financiero y productivo, para la absoluta entrega de estas riquezas a las grandes empresas privadas internacionales con el objetivo de ganancias. De esa forma, la energía se tornó una mercancía, proporcionando lucros extraordinarios a las empresas, por medio de las altas tarifas cobradas de la sociedad, y en donde la negación de los derechos a las famílias afectadas es una forma más de obtener ganancias. Al estudiar el sector, comprovamos que las mujeres son las principales víctimas de este modelo.
Las afectadas por represas precisan enfrentar, además de la sociedad patriarcal y las desigualdades sociales, los impactos del modelo energético implementado em los territorios – antes, durante y después de las obras.
El relatório de la Comisión Especial “Atingidos/as por Barragens”, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), de 2010, indica que hay un patrón de violación de 16 derechos humanos que derivan de todo el proceso de construcción de las represas. Estas violaciones afectan de forma particularmente grave a las mujeres, ya que “encuentran mayores obstáculos para la recomposición de sus medios y modos de vida; (…) en general, no han sido consideradas en sus aspectos específicos y dificultades particulares”.

Foto: Maxwell Vilela/Jornalistas Livres
La experiencia acumulada nos hace afirmar que los impactos se manifiestan en varias esferas de la vida de las mujeres, como:
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Mundo del Trabajo: relacionadas a la invisibilidad del trabajo de las mujeres, perdida del trabajo que también genera ingresos, además de la inadaptación al trabajo urbano;
Uno de los factores de violación de los derechos de las mujeres afectadas es relativo al no-reconocimiento del trabajo. Por ejemplo, en el caso de la construcción de la represa de Itá/RS, en 1987, al calcular la indemnización para las afectadas por su fuerza de trabajo, fue considerada 20% menos que la del hombre. Esto se agraba para la relación estabelecida entre personas de edad avanzada, cuando la fuerza de la mujer equivale a 75% de la masculina. Actualmente, la situación es tan emblemática y profunda y regresó tanto, que fue extinguida esa discusión sobre la fuerza de trabajo del hombre y de la mujer.
Otra situación vivida con frecuencia por las afectadas está relacionada com la perdida del trabajo generador de ingresos.
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Participacion Política: descualificación de las mujeres como sujetos de derechos, no reconocimiento de la voz de las mujeres en espacios deliberativos (reuniones de negociación), ausencia de servicios que permitan a las mujeres acceder el espacio público, tales como guarderías y transporte;
La participación de las mujeres en los procesos de negociación con las represas es reduzida, sea por el patriarcado que impone que ese es un lugar masculino, sea por la postura machista de las empresas, que eligen los hombres como más legítimos para representar a las comunidades.
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Relación prejuiciosa de las construccoras: no reconocimiento de las mujeres como interlocutoras; las empresas usan el concepto patrimonialista y patriarcal de afectado.
Las constructoras reproduzen de manera brutal el patriarcado y la violencia de género al negarse a escuchar a las mujeres, al aprovecharse de la vulnerabilidad social para establecer mecanismos de chantaje y presión, al no reconocerlas como portadora de derechos.
Son recurrentes los casos de utilización de mecanismos de coerción diciendo que ellas son responsábles por el buen andamiento de las negociaciones, obligando a las mujeres a convencer todos los miembros de la família a aceptar la carta de crédito como la mejor y más rápida alternativa frente a la amenaza de la obra. Las empresas argumentan que es necesario que las cuestiones sean resolvidas de forma inmediata e individual. Que la discusión colectiva no lleva a nada.
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Perdida de los lazos comunitarios que son destruídos, por ejemplo, la destrucción de la red de solidaridad, cuidado con hijos, ancianos, entre outros.
La desestructuración familiar provocada por las represas penaliza más a las mujeres, puesto que a ellas, historicamente, recae la responsabilidad del bien-estar de la família. Eso se suma al hecho de que la quiebra de los vínculos con la comunidad afecta toda una red de solidaridad y confianza comunitaria construída.
Es recurrente sobretodo a las mujeres que no les guste el nuevo lugar de la vivienda porque no fueron consultadas. Es una imposición de las empresas el tamaño de la casa, las divisiones internas, faltando quintal o un lugar apropiado para el trabajo urbano, lo que lleva a la falta de sentimiento de pertenencia a aquel nuevo ambiente y las demás localidades de vivencia.
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Aumento de los conflictos y violencia contra las mujeres: exploración sexual de las mujeres y niños, aumento del tráfico, mercado de prostitución;
La experiencia histórica ha comprovado la existencia de una industria de la prostitución en la construcción de represas. Fueron identificados casos en Campos Novos/SC, en Fumaça/MG, Cana Brava/GO, Estreito/TO, en las centrales hidroelétricas em Rondonia, entre otros. Inclusive en 2011, la Plataforma Dhesca Brasil denunció la existencia de una “tarjeta de fidelidad” en Jirau, en él la constructora aportaba mensualmente valores de hasta $600,00, para “empleados que no faltan, no se enferman, no piden vacaciones y no visitan a la familia”, que era ampliamente utilizado en clubes ligados a la prostitución.
La misma situación se repitió en Altamira, en Pará, municipio afectado por la represa de Belo Monte. Entre 2012/2014 fue realizado un estudio denominado “Enfrentamiento de la violencia sexual contra niños y adolescentes en el municipio de Altamira”, bajo encomienda de la Secretaría de Derechos Humanos de la Presidencia de la República en colaboración con la UFPA, donde se constató que los alicientes que explotan mujeres, adolescentes, travestis e indios aceptaban vale-alimentación como forma de pago por los servicios sexuales.
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Acceso a políticas públicas: con el hinchazón de la población provocado por la represa, el acceso a servicios públicos (salúd, educación, transporte, seguridad), que normalmente ya eran precarios, se tornan más difíciles.
En Brasil ya existe una dificultad estructural de accesar las políticas públicas, pero eso se agrava en la construcción de las represas, porque no hay un entendimiento entre el papel destinado a las empresas privadas y el papel del Estado. En muchos casos, lo que se verifica es un empeoramiento de las condiciones de vida de la población local. Las mujeres, que son obligadas a la “tarea del cuidado”, precisam pasar noches enteras en filas para garantizar un cupo y que en su gran mayoría son muy limitadas frente a la demanda colocada. En muchos reasentamientos organizados por los consorcios, no son organizados espacios de vivencia colectiva, escuelas, puestos de salúd, dificultando sobretodo la vida de las mujeres que precisam deslocarse para los centros de las ciudades próximas para tener acceso.
Muchos son los relatos de familias que tenían acceso directo al agua de los ríos, son desplazadas para regiones en que hay dificultad de accederla, inclusive hasta para cocinar.
Colectivo de Mujeres del MAB
Frente a esta realidad, el MAB ha realizado un esfuerzo en la organización y afirmación del Colectivo de Gênero, con la propuesta de construír la auto organización de las mujeres, desde el nivel nacional, con la participación de las mujeres que actuan en la coordinación nacional con estudios y planificación, y en los estados, mediante la multiplicación de los debates involucrando las mujeres de las direcciones estaduales y las mujeres que participan de los grupos de base. Al mismo tiempo, expandiendo la articulación y proponiendo luchas específicas de las mujeres en la búsqueda por la efectivación de políticas públicas en conjunto con outros sectores de la sociedad, construyendo, así, experiencias de emancipación de las mujeres y el fortalecimiento de la organización de las poblaciones afectadas como un todo.
Asociado a eso, el movimiento ha desarrollado espacios para el cuidado de los niños (Cirandas Infantiles) y ha avanzado en la cualificación de estos como espacios educativos, para permitir que las mujeres puedan participar de todos los espacios del MAB.

Foto: Lucas Bois/Jornalistas Livres
Arpilleras
Con la decisión de dar intencionalidad al trabajo de organización y formación de las mujeres adoptamos desde 2013 la metodología de construcción de arpilleras. Trata-se de una técnica de bordado utilizada por mujeres chilenas como herramienta de denuncia durante la dictadura militar [1973-1990]. Reunidas en las periferias de Santiago, capital de Chile, las mujeres creaban narrativas en pedazos de estopa con las ropas de sus esposos e hijos desaparecidos para denunciar las arbitrariedades del régimen comandado por Augusto Pinochet.
Con este mismo sentido político, retomamos esa técnica para que nosotras, afectadas por represas, pudiéramos expresar con aguja, hilo y retazos las violaciones de derechos que sufrimos en el proceso de construcción de las represas.
Construídas de forma colectiva en encuentros de mujeres en todas las regiones del país, las Arpilleras del MAB fueron esenciales para animar a las mujeres a participar del movimiento, además de ser un instrumento de formación política. Al todo fueron más de 150 encuentros, con más de 1000 mujeres que producieron aproximadamente 200 arpilleras que siguen siendo replicadas. En 2015, realizamos una exposición com 25 piezas durante un mês en el Memorial de América Latina en São Paulo. Ya en 2016 realizamos una exposición en Belém con 17 piezas durante 45 días, que retrataban la realidad de la región amazónica. Ahora, en 2017, estamos construyendo una nueva exposición en Rio de Janeiro con temas de la coyuntura que han impactado sobretodo la vida de las mujeres.
Esa herramienta de denuncia y empoderamiento femenino sirvió como hilo narrativo para la construcción de un documental “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, en el cual 10 mujeres de las 5 regiones de Brasil simbolicamente representan cada afectada por represa y bordan en una estopa, a partir de su historia, singular y colectiva, formando un mosaico multifacético de relatos de dolor y superación causados por la construcción de represas en el país. https://youtu.be/N-Q3hRtcwiM
Desafíos
En esa construcción, por fin, identificamos que son muchos los desafíos, sobretodo frente a la coyuntura agravada de golpe y retrocesos que estamos viviendo. Así, apuntamos a la necesidad de:
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Las mujeres afectadas apropiarse del tema y análisis sobre la cuestión energética apuntando el proyecto energético popular como alternativo a ese modelo;
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Profundizar los estudios sobre la realidad de las afectadas, del modelo de sociedad, del patriarcado y la necesidad de la construcción de un proyecto pautado em nuevas relaciones de género;
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Construcción y cualificación de las pautas reivindicatorias para alcanzar programas y políticas públicas para la generación de trabajo e ingresos para las mujeres;
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Intensificar el proceso de articulación de las mujeres afectadas con las mujeres de otras organizaciones, prioritariamente de la Plataforma Operaria y Campesina de la Energía;
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Como afectadas por represas, sabemos que la actual coyuntura de retroceso democrático que estamos viviendo en Brasil violará más aún los derechos de las poblaciones afectadas y a nosotras mujeres principalmente, aumentando el precio de la energía eléctrica, del combustible y del gás, ampliando el costo de vida, la sobrecarga de trabajo y aumentando la criminalización sobre las que luchan y resisten.
Nuestra tarea es organizar a todas las afectadas por represas en Brasil mostrando las contradicciones de esta sociedad. Si de un lado las empresas y gobiernos adoptan el principio de la mercantilización del agua, de la energía, de la vida de las personas, las mujeres afectadas adoptan el princípio de la vida, del bien común, que el água y la energía no son mercancías, son elementos de soberanía, de la generación de la riqueza y de distribución sobre el control popular.
Paraguay: Nota Conamuri a Isabel Loureiro- Una Rosa Luxemburgo para el siglo XXI
¿Por qué en un momento de derrota de la izquierda en América Latina y en todo el mundo hablamos aún de Rosa Luxemburgo? ¿Qué hizo esa revolucionaria judeo-polaca-alemana para que, cien años después de su asesinato, sus ideas aún nos interpelen?
Muy brevemente hay que decir que Rosa militó durante 20 años en la socialdemocracia de Polonia (SDKPiL) y en la socialdemocracia de Alemania; polemizó la vida entera con Lenin; participó activamente en la Revolución Rusa de 1905; fue profesora de economía política en la Escuela del SPD (Partido Socialdemócrata Alemán), la única mujer; junto con sus amigos del ala izquierda del SPD, fundó la Liga Spartakus –nombre en homenaje al gladiador tracio que lideró una revuelta en la Roma antigua–; pasó toda la guerra en la prisión, donde escribió cartas muy líricas a sus amigos y amores; salió de prisión en noviembre de 1918 y se convirtió en líder de la Revolución en Alemania; a finales de diciembre de 1918, fue cofundadora del KPD (Partido Comunista de Alemania); fue asesinada por tropas paramilitares (precursoras de las tropas nazis) el 15 de enero de 1919. Sus asesinos tuvieron penas leves y vivieron tranquilamente en la Alemania nazi.
La recepción de sus ideas en el siglo XX ha sido muy controvertida. En vida, Rosa sufrió ataques machistas de sus compañeros de partido que tenían miedo de su lengua mordaz y de su independencia de espíritu. Se referían a ella como “materialismo histérico” o “perra venenosa, pero brillante” (Víctor Adler); cuando fue nombrada redactora jefe de un importante periódico socialdemócrata se enfrentó casi a una rebelión de los colegas periodistas que dudaban de su competencia por el hecho de ser mujer; los conservadores en Alemania la llamaban “cerda judía”; en Polonia, su tierra natal, es odiada hasta hoy; en 2001, cuando la alcaldía de izquierda de Berlín propuso construir un monumento en su homenaje, se desencadenó una tempestad de críticas en la prensa y ataques contra la mujer, ahora más sutiles: ella nunca recibió una propuesta de matrimonio de los amantes ni nunca concretó el deseo de tener hijos. ¿Quién cuestionaría a un hombre de esa manera, apelando a su vida privada?
Además de las críticas machistas, existían las críticas de carácter político que han empezado con Lenin, continuaron en el KPD –Partido Comunista de Alemania– y llegaron al paroxismo con el estalinismo que procuró extirpar su memoria del campo de la izquierda. Por ejemplo, Thälmann, dirigente del KPD, dijo en 1932: “En todas las cuestiones en que RL tenía una concepción diferente de la de Lenin, ella estaba equivocada.” Pero esa tentativa de matar su memoria fue en vano. Rosa sobrevivió subterráneamente hasta ser redescubierta en los años 1970 cuando en la República Democrática Alemana se empezó a publicar su obra completa: escritos políticos, teóricos y cartas.
Es un hecho que Rosa siempre vuelve en momentos de crisis de la izquierda. Esto ocurrió en Brasil después de la Segunda Guerra Mundial; en Europa en la rebelión de 1968; en el movimiento Occupy; en Brasil el año pasado con el movimiento de las ocupaciones de escuelas cuando volvemos a vivir un “momento Rosa Luxemburgo”. ¿Por qué sucede esto?
Veamos rápidamente algunas de sus ideas políticas para entenderlo: la defensa intransigente de las libertades democráticas en todas las sociedades y en todos los tiempos; la crítica incisiva a la concepción de un partido de vanguardia formado por un núcleo duro de revolucionarios profesionales separados de las bases, cuya función sería la de liderar a las masas populares que, a su vez, se limitarían a obedecer al mando desde arriba; la defensa incondicional de la necesidad de la formación política e intelectual de las clases subalternas, que ella veía como prerrequisito para su independencia política; y, finalmente, una idea que está en el orden del día, la de la espontaneidad de las masas populares. Es decir, la idea de que las capas subalternas de la sociedad entran en acción independientemente de las palabras de orden dadas por liderazgos partidarios o sindicales y que la organización se construye a partir de la propia lucha, cotidiana y/o revolucionaria. Pero ella también sabía que solo la espontaneidad no resuelve todo, que el trabajo organizativo es fundamental para estructurar las explosiones de energía que brillan esporádicamente en el cielo gris de la vida cotidiana.
Para decirlo en pocas palabras, pienso que lo que más atrae a un lector contemporáneo en el pensamiento de Rosa Luxemburgo es su defensa apasionada de la libertad, tanto pública como individual. Para Rosa no hay sociedad libre sin individuos libres, conscientes, no manipulados, bien por liderazgos políticos, por los medios, por la propaganda (como diríamos hoy en un lenguaje actualizado), o, en el plano individual, por sus pasiones y fantasmas. Rosa es hija de la Aufklärung, como todo el marxismo. Ese era su mundo y su límite. Pero a pesar de que hoy sepamos que no basta con la aclaración racional, creo que ella tenía razón de creer que no existe posibilidad de voltear la página sin la iniciativa y la participación activa y consciente de los de abajo, los que más sufren con la desigualdad económica, social y política engendrada por el capitalismo.
Hay también otra idea de Rosa que nos atrae hasta hoy y que aparece en el ensayo La crisis de la socialdemocracia (1916). En ese balance amargo del proceso de descomposición de la socialdemocracia alemana –que culminó en la aprobación de los créditos de guerra por la bancada del SPD el 4 de agosto de 1914–, Rosa coloca en cuestión por primera vez la idea ingenua de progreso, típica de la II Internacional. Para los socialistas hegemónicos en esa época, esa idea se traducía en la creencia de que el socialismo resultaría, tarde o temprano, de las contradicciones inmanentes al modo de producción capitalista. En ese ensayo, uno de los mejores, Rosa pone en el orden del día la consigna socialismo o barbarie, dando así a entender que el socialismo ya no es una garantía pero es una apuesta. Y esa apuesta solo puede ser vencida si hay el compromiso activo de las clases subalternas, aquí y ahora, contra la barbarie. Esta es la interpretación de Michael Löwy, con la que estoy totalmente de acuerdo.
También hay que referirse a su obra de economía política en la cual presenta elementos de una visión “tercermundista” que es muy fructífera para América Latina. Según Rosa, la acumulación del capital, además de la apropiación de la plusvalía, solo fue y es posible en el intercambio entre economías capitalistas y no capitalistas. Esta continúa hasta hoy con una descripción válida del proceso de desarrollo histórico del capitalismo como proceso global y, consecuentemente, una buena descripción de la destrucción violenta de las culturas y de los espacios no capitalistas. Ese proceso violento de acumulación primitiva permanente (acumulación por expropiación, para Harvey), además de los métodos tradicionales de expropiación territorial, consiste también en convertir antiguos derechos en mercancías.
Rosa enfatiza la violencia con la que las culturas primitivas son aniquiladas por el colonizador europeo y sustituidas por la economía de mercado. Eso no significa progreso con respecto al período anterior, sino solo la ruina económica y cultural de los pueblos originarios. A diferencia de una concepción iluminista del progreso según la cual la violencia capitalista es vista como un mal “necesario” en el camino que lleva al socialismo, Rosa cree que los pueblos originarios pueden enseñar a los “civilizados” formas más igualitarias de sociabilidad, no predadoras, determinadas por los intereses de la colectividad. Rosa Luxemburgo, que era polaca –o sea periférica en la Europa de principios del siglo XX– tiene insights (que no desarrolla) que apuntan hacia una concepción de historia distinta del marxismo ortodoxo de su tiempo, caracterizado por una fe ingenua en el desarrollo de las fuerzas productivas. Las poblaciones tradicionales en América Latina, en busca de un modelo de desarrollo crítico al modelo de civilización oriundo de la Revolución Industrial, que lleva necesariamente a la dicotomía entre pobres y ricos y a la destrucción de la naturaleza, pueden tener en Rosa Luxemburgo una fuente de inspiración.
Y por último, Rosa es una referencia para las feministas. Basta pensar en el funcionamiento interno de las organizaciones políticas, de los movimientos, donde impera la jerarquía, el centralismo, la rigidez, la burocracia, todo lo que Rosa cuestiona. Además, al construirse como mujer independiente, que actúa en el espacio público, también cuestiona la sujeción de las mujeres al aislamiento de la vida privada, a la sumisión a los hombres, o sea, cuestiona el patriarcado que es inseparable del capitalismo.
En breve una casa editorial de Brasil publicará la traducción del original inglés (Kate Evans) de una biografía-historieta de Rosa Luxemburgo –Red Rosa/Rosa Roja– que enfatiza la Rosa feminista. Lo que vemos en esa biografía es una mujer que además de la dedicación apasionada a la militancia y a la revolución se entrega de cuerpo y alma a los placeres de la vida, al amor, al sexo, a la naturaleza, a la pintura, a la música, a la literatura. La autora muestra también una profesora talentosa, que sabía explicar didácticamente a los estudiantes (adultos que frecuentaban la Escuela del Partido) los contenidos más difíciles de la economía política, todo eso coronado por una escritura llena de vivacidad, de ironía, palabras espirituosas, o una escritura llena de lirismo, como muestran las cartas de prisión. Sobre todo lo que es muy lindo en esa biografía escrita por una joven mujer no especializada en la obra de Rosa Luxemburgo es mostrar la proximidad entre esa revolucionaria que vivió en el paso del siglo XIX al XX y nosotras/nosotros, una proximidad que se deriva en parte de su intensa relación con la vida, con todo lo viviente. Ese es un rasgo muy fuerte de su personalidad que la lleva a oponerse a todo lo que es rígido, inflexible, mecánico, en una palabra, burocrático. Cuando, por ejemplo, critica a Lenin, Rosa dice que su concepción de partido y de revolución es mecánico. A Rosa le gusta la metáfora de la vida en contraposición a lo mecánico.
Para ella: “Solo la vida sin obstáculos, efervescente, lleva a miles de formas nuevas e improvisaciones, saca a luz la fuerza creadora, corrige por su cuenta todos los intentos equivocados. La vida pública de los países con libertad limitada está tan golpeada por la pobreza, es tan miserable, tan rígida, tan estéril, precisamente porque, al excluirse la democracia, se cierran las fuentes vivas de toda riqueza y progreso espirituales.” (La revolución rusa).
Rosa critica a los bolcheviques porque al cerrar en la Asamblea Constituyente no dejan que las capas populares hagan sus propias experiencias de la vida democrática en la Revolución; es como si Rosa dijera que ellos intervienen desde afuera porque ya saben lo que es mejor para el pueblo, porque ya tienen una idea de lo que el pueblo debe hacer. Así sustituyen las masas populares que aún no están listas para el socialismo. Para Rosa, el socialismo solo puede ser obra de las propias masas, no de liderazgos intelectuales que saben mejor lo que es bueno para ellas. Para eso es necesario tiempo de madurez. “Tiempo no es dinero, tiempo es el tejido de la vida”, como dijo el gran crítico literario, Antonio Cándido, que también era socialista. La democracia y más aún el socialismo democrático es una invención permanente que necesita vida pública libre, absolutamente necesaria para la formación política de los de abajo.
La creencia en las virtudes curativas de la vida aparece muchas veces en su correspondencia de prisión como, por ejemplo, en esta carta a su amiga Sonia Liebknecht (diciembre 1917), donde explica por qué no se desespera por vivir tanto tiempo encarcelada: “Creo que el secreto no es otro que la propia vida (…) Bajo los pasos lentos y pesados del centinela canta también una bella, una pequeña canción de la vida, basta apenas saber oír.”
En suma, la biografía de Rosa Luxemburgo escrita/diseñada por Kate Evans no es como otras anteriores la de una mártir asexual y llena de pudor, que sacrificó la vida en el altar de la Revolución –como si fuera una santa comunista– sino una mujer de carne y hueso, divertida, osada, al frente de su tiempo, que rechazaba el corsé, controlaba su cuerpo para no quedar embarazada, en una palabra, una mujer que conquistó su libertad con mucha lucha y sacrificio. Ella sabía que libertad otorgada no es verdaderamente libertad. Ese es el mensaje, creo, que Rosa deja para las mujeres del siglo XXI que luchan aún por su emancipación.
São Paulo, agosto de 2017.
Brasil: Agroecologia Como Modo De Ser E De Viver: Povos Do Campo, Das Águas E Floresta Participam Do Congresso De Agroecologia 2017
Os Povos do Campo, das Águas e Florestas participam do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, do X Congresso Brasileiro de Agroecologia e do V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno, que será realizado em Brasília (DF) entre os dias 12 a 15 de setembro deste ano, 2017.
Considerado o maior evento de Agroecologia em número de participantes e trabalhos técnico-científicos, o Congresso reúne os setores da sociedade brasileira e da América Latina que atuam e desenvolvem a Agroecologia como pesquisadores acadêmicos e populares; extensionistas; gestores de políticas públicas das três esferas; agricultores familiares, camponeses, povos e comunidades tradicionais; Movimentos Sociais, ONGs, Redes e Fóruns de Agroecologia, entre outros. Promove uma ampla discussão, com troca de experiências, saberes e sabores, apresentação de trabalhos científicos e encaminhamentos que contribuem para o direcionamento estratégico destes setores.

Foto: Divulgação
“É um espaço de debate científico onde estudantes, professores e camponeses irão estar irão estar expondo suas experiências práticas por meio de trabalhos científicos, mas também, é um espaço onde os camponeses e camponesas colocarem o que eles fazem na prática nas suas comunidades, em seus territórios é um espação de mostrar que a produção de alimentos saudáveis é a única fonte que gera a vida e a preserva, em contra ponto ao Agronegócio que destrói e mata”, afirma Jozelita Tavares, representante do Campo Unitário, o qual é composto pelos movimentos e organizações do campo, das águas e das florestas.
Durante os três dias, o todo, serão mais de 120 atividades, sendo palestras, oficinas, plenárias, reuniões abertas, mesas redondas, mini-cursos e a construção e participação dos povos do campo, das águas e das florestas vem reafirmar a Agroecologia como um Modo de Ser e de Viver, explica Jozelita.
Para os movimentos e organizações que compõe o Campo Unitário, o modo de produção Agroecológico é o único que garante a Produção de Alimentos Saudáveis respeitando a natureza, sem uso de Agrotóxicos e nem transgênicos, pois tem na Terra como um bem comum e um Ambiente Vivo, e não como um recurso qualquer.
Os povos do campo, das águas e das florestas são os únicos capazes de produzir alimentos de forma Agroecológica para Alimentar o Mundo, pois cultivam em pequenas áreas e plantam diversas culturas no mesmo espaço, preservando a biodiversidade. Pois as práticas de uso sustentável da biodiversidade pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e pela agricultura camponesa asseguram a conservação desse bens comuns, como a Terra e a Água, que tem valor inestimável para a sociedade.

Foto: Patrícia Costa
A produção Agroecológica, além de não usar venenos, não comete injustiças sociais, não rouba as terras dos camponeses, não explora trabalho infantil, não comete violência contra os trabalhadores nem as mulheres, não contamina as pessoas, os alimentos, a água, o solo e o ar. Por isso, é fundamental a garantia de Reforma Agrária Popular, ações de fortalecimento e desenvolvimento dos/as camponeses/as, e a manutenção dos territórios dos povos e comunidades tradicionais, como indígenas, extrativistas, quilombolas, entre outras.
Protagonistas na produção de alimentos saudáveis estas populações são responsáveis pela produção de 70% dos alimentos da mesa dos brasileiros e somam-se nos debates do Congresso com o objetivo de buscar novas alternativas, como também destacar a importância da Agroecologia fortalecendo a construção das diretrizes para a Soberania Alimentar e Nacional do país.
Para Elielma Barros de Vasconcelos, jovem camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), estará participando pela primeira vez do Congresso, viaja para a capital do país com grande perspectiva, pois o segundo ela, “será um momento de troca de saberes, fazeres, vamos encontrar vários camponesas, camponeses, que estão em todos os cantos do país e da América Latina construindo Agroecologia, produzindo alimentos saudáveis. Contudo, participar do CBA, além de ser um momento pra trocar experiência, será um momento de nós afirmar que é o Campesinato quem produzir Alimentos Saudáveis e quem alimentar o Brasil existe respeito”.

Foto: Adilvane Spezia
No Brasil, segundo dados da FAO, a Agricultura Familiar e Camponesa representa mais de 80% de todas as propriedades rurais do país e emprega pelo menos 5 milhões de famílias. O último Censo Agropecuário aponta que a Agricultura Familiar e Camponesa é a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. O setor responde por 35% dos Produto Interno Bruto Nacional e absorve 40% da população economicamente ativa do país. No panorama mundial, representam mais de 500 milhões de propriedades agrícolas familiares, incluindo pequenos e médios agricultores, camponeses, povos indígenas, comunidades tradicionais, pescadores, pequenos pecuaristas, coletores dentre outros grupos.
O Congresso de Agroecologia 2017 é a realização simultânea do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno. Os eventos são promovidos pela Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e organizados em Brasília por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, Emater-DF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), IBRAM e ISPN. Conta com o apoio de vários ministérios, organizações e movimentos sociais. O evento é patrocinado por BNDES, Itaipu Binacional e Fundação Banco do Brasil. Acompanhe as novidades www.agroecologia2017.com e nos perfis do facebook e instagram.
Paraguay: No más impunidad para el sicariato al servicio del agronegocio
Desde la CLOC-Vía Campesina Paraguay repudiamos la violencia ejercida el día viernes 8 de septiembre en una manifestación de la comunidad de San Juan de Puente Kyha –distrito de Caballero Álvarez, Canindeyú– que reclama en el marco de la lucha por la tierra unas 5 mil hectáreas para desarrollarse como asentamiento humano con producción campesina.
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En la misma fue herido por guardias civiles al servicio de sojeros de origen brasileño el joven Luis Fernando Benítez, de 18 años, con una bala en la cabeza y otra en el abdomen. Este nuevo atropello despliega un escenario en que se mueven impunemente los sicarios al servicio del agronegocio, en complicidad con las autoridades locales y gubernamentales.
Expresamos nuestra solidaridad a la Federación Nacional Campesina (FNC) en su acompañamiento a esta comunidad que no puede vivir tranquila por los constantes hostigamientos generados por su férrea convicción de que el territorio que ocupan es de la Reforma Agraria.
Exigimos a las autoridades competentes una investigación exhaustiva sobre este crimen y que los responsables sean juzgados según las leyes penales para no quedar, una vez más, en la impunidad. Los de la localidad de San Juan de Puente Kyha son campesinos que solo quieren trabajar la tierra y vivir en paz.
Por eso más que nunca cobra sentido el lema de la FNC, “Sin Reforma Agraria no habrá paz”. Hechos como estos ameritan levantar con fuerza la bandera de la Reforma Agraria en todo el país.
Reforma Agraria para la dignidad